Governo garante que interconexões eléctricas continuam previstas e critica PSD

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, afirma que “não há nenhuma prova, não há nenhuma alteração relativamente às interligações eléctricas que estavam previstas para 2015”.

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Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Acção Climática LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, assegurou esta terça-feira que o acordo com os governos de Espanha e França continua a prever o reforço das interconexões eléctricas, nos Pirenéus, além da nova interligação de gás, e critica o PSD.

“Aquilo que a senhora ministra [da Transição Ecológica e vice-presidente do governo espanhol, Teresa Ribera] terá dito clarifica aquilo que, nos últimos dias, tem sido colocado por parte do PSD, [já que] o PSD veio dizer publicamente que este acordo prejudicava Portugal e não beneficiava Portugal, porque, aparentemente, quando comparado com o acordo de 2015, teriam caído duas interligações eléctricas nos Pirenéus”, afirmou Duarte Cordeiro.

Porém, “não caíram nenhumas interligações eléctricas nos Pirenéus”, vincou o responsável, falando aos jornalistas portugueses no Luxemburgo, no final de uma reunião dos ministros da Energia da União Europeia.

“Não há nenhuma prova, não há nenhuma alteração relativamente às interligações eléctricas que estavam previstas para 2015”, acrescentou, apontando que, face ao que estava definido nesse acordo celebrado há sete anos para reforço das interconexões, o que mudou foi que foi possível “desbloquear o que estava bloqueado, [que] era a interligação a gás”, tendo sido possível “encontrar uma solução entre Barcelona e Marselha como alternativa à anterior ligação a gás pelos Pirenéus”, com um prazo de execução de cerca de 30 meses.

De acordo com Duarte Cordeiro, “mantêm-se as intenções de alargar as interligações eléctricas” e “não poderia ser de outra forma”. “Ainda para mais, era um dos pressupostos do Governo francês, ao contrário do que foi dito por parte do eurodeputado Paulo Rangel”, adiantou o governante.

A reacção surge depois de, no sábado passado, o eurodeputado e vice-presidente do PSD Paulo Rangel ter considerado que o acordo anunciado por António Costa para acelerar as interconexões na Península Ibérica "é mau", argumentando que Portugal perdeu na electricidade e no gás face a França e Espanha.

Em causa está o acordo entre Portugal, Espanha e França alcançado na passada quinta-feira, durante uma reunião dos líderes dos governos dos três países em Bruxelas, que prevê avançar com um corredor de energia verde, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).

Já esta terça-feira, a ministra da Transição Ecológica e vice-presidente do Governo espanhol, Teresa Ribera, salientou que este acordo “não afectou de todo as previsões em torno das interconexões eléctricas pendentes”, estando agora estabelecida “uma interconexão em construção submarina através do Golfo da Biscaia e duas interconexões pendentes nos Pirenéus”.

“Há três interconexões eléctricas entre Portugal e Espanha que não estão operacionais e foram acordadas em 2015 pelos governos [de então]: uma delas está em construção e esperemos que se acabe quanto antes”, adiantou Teresa Ribera, em declarações aos jornalistas portugueses e espanhóis no Luxemburgo.

Ainda esta terça-feira, a ministra francesa da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, assegurou que o acordo prevê “olhar para todos os meios de reforçar as interconexões eléctricas”, estando em causa “duas interligações” entre França e Espanha. Ainda assim, Agnès Pannier-Runacher escusou-se a precisar, remetendo detalhes “para os técnicos”.

O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde energético serão debatidos num novo encontro entre os líderes dos três países em Dezembro, em Alicante, Espanha.

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