NATO começa exercício nuclear e prepara-se para vigiar o da Rússia

Mais de 60 aeronaves de 14 países participam em manobras que estavam planeadas há meses. Rússia também costuma realizar exercício nuclear nesta altura do ano.

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No exercício da NATO serão utilizados meios aéreos com capacidade para transportar armas nucleares, mas nenhuma será utilizada HANDOUT/Reuters

Envolto em relativo secretismo, começou nesta segunda-feira o exercício nuclear anual da NATO, que envolve as forças aéreas de 14 países e que em 2022 se desenrola sobretudo na Bélgica, no mar do Norte e no Reino Unido.

“O exercício, que decorre até 30 de Outubro, é uma actividade de treino recorrente, de rotina, que não está relacionado com nenhum evento mundial actual”, fez questão de sublinhar a Aliança Atlântica num comunicado emitido na sexta-feira. Oana Lungescu, porta-voz da organização, disse que o objectivo das manobras é garantir que “a dissuasão nuclear da Aliança se mantém segura, protegida e eficaz”.

O Steadfast Noon, assim se chama o exercício, envolverá cerca de 60 aeronaves militares, entre bombardeiros, caças, aviões de abastecimento e de reconhecimento. Alguns destes meios têm capacidade para transportar bombas atómicas, mas nenhuma será usada durante as manobras.

Ainda não se sabe exactamente quando, mas a Rússia também deverá levar a cabo o seu exercício nuclear anual por estes dias. O Grom, como se chama, costuma envolver testes de mísseis balísticos, centenas de aeronaves, submarinos e tropa terrestre.

Ambos os exercícios estarão sob vigilância apertada dos dois lados. “Vamos vigiar [a actividade russa], como sempre fazemos. E claro que nos manteremos vigilantes, tendo em conta as ameaças nucleares veladas e a perigosa retórica nuclear que temos visto da parte da Rússia”, disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. O líder da Aliança afirmou igualmente que cancelar o Steadfast Noon daria “um sinal muito errado”.

A possibilidade de serem usadas armas nucleares na Ucrânia tem pairado vagamente desde o início da guerra. Ainda em Fevereiro, Vladimir Putin ordenou às chefias militares que pusessem as forças nucleares em alerta máximo e, mais recentemente, garantiu que utilizaria “todos os meios à disposição” para defender o território russo, mencionando expressamente o seu arsenal nuclear.

Tanto os Estados Unidos como a NATO têm-se contido nos comentários a possíveis reacções a um ataque nuclear russo, de modo a manter uma ambiguidade que permita manter opções em aberto.

Na semana passada, contudo, o Presidente francês assegurou que França não responderia com armas nucleares a um ataque nuclear. O comentário gerou irritação na Ucrânia, onde foi visto como um ‘convite’ para que a Rússia use esse arsenal. França tem bombas atómicas mas não participa no exercício da NATO porque tem a sua própria doutrina nuclear e faz exercícios de treino quatro vezes por ano.

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