Novo governo da Suécia vai ter apoio parlamentar da extrema-direita

Democratas Suecos, que foram a força mais votada à direita, não integram formalmente o governo, mas influenciam muito o seu programa de acção. É por eles que a Suécia vai acabar com a percentagem fixa anual de 1% do PIB para ajuda humanitária.

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Os líderes dos Democratas Suecos, dos Moderados, dos Democratas Cristãos e dos Liberais celebram o acordo assinado esta sexta-feira JONAS EKSTROEMER/EPA

O líder dos Moderados, Ulf Kristersson, assinou esta sexta-feira um acordo de coligação com os Democratas Cristãos e com os Liberais para a formação de um novo governo de direita na Suécia. Os Democratas Suecos, de extrema-direita, não integram formalmente o executivo mas vão dar-lhe apoio parlamentar.

O bloco composto pelos quatro partidos alcançou a maioria de lugares no Parlamento sueco, sobrepondo-se ao do centro-esquerda nas eleições de meados de Setembro. Os Moderados obtiveram menos votação do que os Democratas Suecos, mas o líder deste partido, Jimmie Akesson, não reunia os apoios necessários para formar um executivo.

“O mandato que obtivemos com as eleições significa não só que a mudança é necessária, como é possível, e os nossos quatro partidos conseguem fazer essa mudança”, declarou Ulf Kristersson após a assinatura do acordo de coligação.

O documento tem 63 páginas e espelha a influência dos Democratas Suecos, segundo o jornal Svenska Dagbladet. Entre outras coisas, a nova equipa ministerial planeia reduzir impostos, tornar mais apertadas as leis de imigração, aumentar os poderes da polícia, construir mais centrais nucleares, reduzir as quotas de refugiados e acabar com a percentagem fixa (1% do PIB) de ajuda humanitária internacional anual, substituindo-a por um valor a anunciar.

“É extremamente importante para nós obtermos um acordo político global em que nós, sendo o maior partido [da direita], ganhamos uma influência política significativa”, disse o líder dos Democratas Suecos na cerimónia de assinatura. “Para nós é essencial que a mudança de governo traga também uma mudança de paradigma”, afirmou Jimmie Akesson, referindo-se especificamente às “políticas de imigração e integração”.

Esse tema, aliás, é o que ocupa mais páginas no acordo, segundo os media suecos, e foi preponderante durante a campanha eleitoral. Os Democratas Suecos decoraram mesmo carruagens do metro com as cores do partido e um porta-voz disse era o “comboio do repatriamento” com “próxima paragem em Cabul”.

Ulf Kristersson deverá tornar-se primeiro-ministro depois de o Parlamento votar a sua nomeação na segunda-feira. A sua governação nos próximos quatro anos poderá revelar-se difícil, uma vez que os Moderados não são o partido maioritário da coligação e estará sempre dependente dos seus parceiros – que têm grandes discordâncias em muitos assuntos.

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