Protestos pela morte de Mahsa Amini atingem a indústria petrolífera do Irão

Esta manhã, ecoaram vários sons de aparentes tiros e explosões numa cidade no oeste do Irão, enquanto as forças de segurança terão abatido a tiro um homem numa localidade próxima.

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Uma mulher detida a ser identificada pela Polícia da Moralidade no Irão Reuters/Stringer Iran

As manifestações em Asaluyeh, no sul do Irão e junto ao Golfo Pérsico, são as primeiras na região desde que começou a agitação civil em torno da morte de Mahsa Amini e estão a ameaçar os já debilitados cofres do Governo teocrático iraniano, ou seja, a indústria de petróleo e gás.

Embora esteja ainda por esclarecer se se seguirão outros protestos semelhantes noutros centros nevrálgicos da economia iraniana, há manifestações em praticamente todo o país, na sequência da morte de Amini, enquanto estava sob custódia da polícia da moralidade, três dias depois de ter sido detida por uso indevido do véu islâmico.

Esta segunda-feira de manhã, ecoaram vários sons de aparentes tiros e explosões numa cidade no oeste do Irão, enquanto as forças de segurança terão abatido a tiro um homem numa localidade próxima, reportou a agência noticiosa Associated Press (AP), citando activistas de direitos humanos.

O Governo do Irão insiste que Amini não foi maltratada, mas a família da vítima diz que o corpo apresentava hematomas e outros sinais de espancamento.

Vídeos subsequentes mostraram as forças de segurança a espancar e a empurrar manifestantes, incluindo mulheres que chegam a retirar o véu obrigatório, ou hijab.

De Teerão e de outras localidades, estão a surgir vídeos nas redes sociais, apesar de as autoridades terem interrompido a Internet.

Ao entrar na quarta semana de protestos, alguns vídeos mostram mulheres a marchar pelas ruas sem lenços na cabeça, enquanto outras confrontam as autoridades e acendem fogueiras na rua.

As manifestações representam um dos maiores desafios à teocracia do Irão desde os protestos do Movimento Verde em 2009 e terão levado o presidente do Supremo Tribunal iraniano a assumir que as autoridades judiciais iranianas estão “prontas” para ouvir e dialogar com os manifestantes.

“Os cidadãos ou grupos políticos devem saber que temos ouvido para protestos e críticas e que estamos prontos para o diálogo”, Gholam-Hossein Mohseni-Eje’i, que reconheceu que o sistema político iraniano pode sofrer de “fraquezas e fracassos”.

“Estamos prontos para ouvir sugestões e não temos escrúpulos em corrigir quaisquer erros”, disse Mohseni-Eje’i em declarações aos jornais locais Donya e Eqtesad, e divulgadas pela agência noticiosa alemã DPA.

No entanto, o presidente do Supremo iraniano salientou a necessidade de que os protestos sejam realizados de forma pacífica antes de todos se sentarem para dialogar.

Embora os protestos tenham começado há quase um mês, têm-se vindo a intensificar em todo o país e, internacionalmente, vários países ocidentais já exigiram a aplicação de novas sanções ao governo de Teerão em resposta à repressão contra os manifestantes.

A Organização não-governamental Iran Human Rights (IHR) estimou que os protestos já provocaram, pelo menos, 185 mortes, 19 delas crianças.

Esta segunda-feira, o Governo britânico impôs um pacote de sanções a três altos funcionários da chamada Polícia da Moralidade, bem como aos Guardas da Revolução pela repressão.

Por sua vez, o Irão acusou os Estados Unidos, Israel, Arábia Saudita e parceiros ocidentais de estarem a orquestrar “uma espécie de conspiração estrangeira” para “enganar” a juventude do país para causar “motins violentos” depois de terem “falhado as tentativas de guerra económica”, por via das sanções.

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