Governo reforça orçamento para fazer circular a colecção de arte contemporânea do Estado

Em 2023, a verba disponível para aumentar a colecção de arte contemporânea do Estado (CACE) cresce 200 mil euros em relação ao montante disponível este ano, para um milhão, com o objectivo de a mostrar pelo país.

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António Costa, Fernanda Tadeu, Durão Barroso e Adão e Silva, entre outros, reflectidos na obra de José Pedro Croft MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O orçamento para aquisição de obras para a colecção de arte contemporânea do Estado (CACE) português vai aumentar para um milhão de euros no próximo ano, anunciou quarta-feira o primeiro-ministro, indicando que estas obras vão estar em exposições pelo país.

“Desde 2019 iniciámos um programa de aquisição de obras de arte para a colecção de arte contemporânea do Estado português. Começámos nesse ano modestamente com 300 mil euros, evoluímos para 500 mil euros, este ano já foi publicada a lista das obras adquiridas num valor total de 800 mil euros”, afirmou António Costa.

No próximo ano, este orçamento vai ser alargado “para um milhão de euros, 800 mil para aquisição de obras e 200 mil para começar a fazer algo muito importante e para o qual a colecção tem estado a ser adquirida, que é poder circular pelo país”, adiantou, indicando que primeira exposição será em Foz Côa”. O objectivo, explicou, é “descentralizar a arte contemporânea e o acesso à arte contemporânea”.

O primeiro-ministro afirmou igualmente que o Governo tem apoiado a arte contemporânea “conforme as finanças públicas o têm permitido e, felizmente, agora permitem um bocadinho melhor que permitiam inicialmente”.

António Costa falava na inauguração da exposição Arte em São Bento, na residência oficial do primeiro-ministro, que este ano acolhe obras da Colecção Peter Meeker, de Pedro Álvares Ribeiro.

Esta exposição, que junta obras de artistas como Ana Jotta, José Pedro Croft e Paulo Nozolino, estará patente no Palacete de São Bento até Setembro do próximo ano e pode ser visitada nos primeiros domingos de cada mês. Apontando que “cada uma destas exposições é um desafio”, António Costa considerou que esta “talvez esta seja a curadoria que mais desafiou” os “limites da obra na disponibilidade do espaço”.

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A obra de Croft, ainda no processo de restauro Rui Gaudêncio

Na ocasião, o primeiro-ministro indicou que o critério da iniciativa Arte em São Bento, desde 2017, tem sido escolher “um coleccionador que tenha a sua colecção fora da cidade de Lisboa”, mas no próximo ano essa tradição será quebrada.

“Lisboa também é Portugal e um dia haveríamos de escolher um coleccionador de Lisboa, e escolhemos um coleccionador que já não está entre nós, mas que fundou aquela que é a mais antiga galeria que está em actividade, pelo menos em Lisboa, e que para o próximo ano assinala 60 anos, a Galeria 111”, afirmou, adiantando que no próximo ano a escolha recairá sobre a colecção Manuel Brito.

Costa salientou que, além de prestar homenagem aos artistas contemporâneos e aos coleccionadores, esta é também uma forma de homenagear “outro elemento fundamental para que a arte contemporânea possa existir, possa encontrar mercado, possa ter coleccionadores que adquiram e que permitam aos artistas continuar a trabalhar, que são os galeristas”.

Hoje, foi também reinaugurada uma peça de José Pedro Croft que se encontra nos jardins do Palacete de São Bento há 18 anos, e que necessitou de um restauro devido ao desgaste do material.

A cerimónia contou com a presença do antigo primeiro-ministro do PSD José Manuel Durão Barroso. Este “jogo de espelhos” com “seis metros de altura”, como enquadrou o artista, foi encomendado por Durão Barroso em 2004 para o 25 de Abril e o actual primeiro-ministro descreveu-o como uma “obra lindíssima que existe ao fundo este jardim, do lado direito, como aliás não podia deixar de ser”.

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