Liz Truss quer “crescimento, crescimento e crescimento” para levar o país a superar “dias turbulentos”

“Temos de seguir em frente”, disse a primeira-ministra britânica na conferência dos tories. Admitindo que as suas políticas podem provocar “perturbações”, insistiu na defesa do seu plano económico.

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“Eu quero o que vocês querem”, disse Truss aos britânicos na conferência anual do Partido Conservador TOBY MELVILLE/Reuters

Liz Truss foi à conferência anual do seu Partido Conservador prometer guiar o Reino Unido por “estes dias turbulentos” e insistir nos seus planos para fazer crescer a economia. “Crescimento, crescimento, crescimento”, repetiu.

Admitindo que as suas políticas poderão provocar “perturbações”, a primeira-ministra britânica sublinhou que “o status quo não é uma opção”. “Temos de seguir em frente”, afirmou, dias depois de o seu Governo ter sido obrigado a recuar na decisão de baixar o imposto pessoal sobre o rendimento aos contribuintes que ganham mais. Isto depois de uma onda de críticas ao seu pacote de cortes fiscais, que causou uma reacção negativa nos mercados.

No encerramento de uma conferência marcada por forte contestação interna, e com sondagens a dar ao Partido Trabalhista vantagens inéditas, Truss dirigiu-se aos britânicos: “Eu quero o que vocês querem”, disse. E ainda “eu compreendo, eu ouvi”, sobre o recuo na sua intenção de cortar o tecto mais alto do imposto sobre rendimento. Sem deixar de defender que essa “era a medida certa a tomar, moral e economicamente”.

Poucos minutos depois, foi interrompida por manifestantes do Greenpeace com uma faixa onde se lia: “Quem votou para isto?”. “Vamos tirá-los daqui”, comentou a chefe de Governo enquanto os activistas eram escoltados, entre vaias da audiência. “Mais à frente, no meu discurso, vou falar sobre a coligação anti-crescimento”, disse. “Acho que chegaram um pouco adiantados.”

“A escala do desafio é imensa. Guerra na Europa pela primeira vez numa geração. Um mundo mais incerto a seguir à covid-19. E uma crise económica global”, enumerou. “É por isso que precisamos de fazer as coisas de forma diferente na Grã-Bretanha”, defendeu. “Nem todos estarão de acordo. Mas todos vão beneficiar do resultado: uma economia em crescimento e um futuro melhor”, descreveu. “E temos um plano claro para isso.”

"Disciplina de ferro"

Centrando a intervenção no seu “zelo pelas reformas e o amor pelas empresas e pela desregulamentação”, resume o jornal The Guardian, Truss afirmou que todas as regulações herdadas da União Europeia terão desaparecido antes do fim do ano. “Acredito numa boa gestão dos dinheiros públicos e num estado magro”, disse, prometendo exercer uma “disciplina de ferro” nos gastos.

Sem anúncios de novas políticas, o discurso de 35 minutos (curto para um líder do partido na conferência anual, nota a BBC) serviu a Truss para reafirmar as suas promessas de baixar impostos e de pôr em prática um amplo programa de desregulamentação para as empresas, em especial em áreas como a construção de casas e os cuidados infantis. “Estou determinada a fazer com que a Grã-Bretanha avance, em nos fazer ultrapassar a tempestade e em colocar a nação numa base mais forte”, descreveu.

Truss falou ainda sobre as pessoas que acredita integrarem uma “coligação anti-crescimento, enumerando-as. “Os Trabalhistas, os Liberais Democratas, o SNP [Partido Nacionalista Escocês], os sindicados militantes, os interesses estabelecidos, os opinion makers, os negacionistas do Brexit, [o movimento] Extinction Rebellion [que procura pressionar os governos a responder à emergência climática] e algumas pessoas que aqui tivemos mais cedo”, disse, recordando o protesto do Greenpeace.

Com tantos “inimigos” e um programa político radical, a política que venceu a corrida para liderar os tories e substituiu Boris Johnson como primeira-ministra sem um mandato dos britânicos precisava de ter o partido unido em questões chave. Mas depois de uma campanha divisiva – e com dois terços dos deputados conservadores a votarem contra ela – não deu sinais de nenhuma tentativa séria para unir adversários e apoiantes.

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