Vamos descobrir o impacto da infecção dos parasitas nos moluscos e bivalves da nossa costa

A investigadora Luísa Magalhães, da Universidade de Aveiro vai estudar parasitas na Ria de Aveiro e numa baía nos Estados Unidos, para compreender as implicações da infecção de parasitas em alguns moluscos e bivalves comuns no ecossistema marinho português.

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Alguns dos moluscos e bivalves têm uma forte importância económica para as regiões costeiras Daniel Rocha

A investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro, Luísa Magalhães, venceu o prémio FLAD Science Award Atlantic, dispondo de 300 mil euros para estudar doenças parasitárias em ecossistemas marinhos.

“Luísa Magalhães vai receber 300 mil euros de financiamento em três anos para desenvolver um projecto ligado às doenças parasitárias nos ecossistemas marinhos costeiros e os seus impactos, designadamente ecológicos, económicos e da sociedade”, adianta esta terça-feira a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) em comunicado.

Nesta terceira edição do FLAD Science Award Atlantic, o júri considerou o projecto “UNTIE - UNravelling the role of emerging parasitic diseases in the structure and function of coastal communiTIEs and ecosystems” muito relevante do ponto de vista científico e com muito interesse para Portugal, já que alguns dos moluscos e bivalves a estudar representam um dos principais sectores de exportação.

Este projecto prevê uma parceria com o Centro de Investigação Ambiental Smithsonian, nos Estados Unidos.

De acordo com a FLAD, o trabalho que será desenvolvido pela investigadora da Universidade de Aveiro foca-se no impacto dos parasitas trematodes que infectam invertebrados marinhos, sobretudo bivalves de elevada importância ecológica e económica, recorrendo a experiências em Chesapeake Bay (Estados Unidos) e na Ria de Aveiro.

“Apesar da elevada percentagem da biodiversidade que é composta por parasitas (estimativas de cerca de 40%), e de potencialmente todos os seres vivos sem excepção estarem, terem estado, ou virem a estar infectados por algum parasita em algum momento da sua vida, ainda não há estudos suficientes que ajudem a conhecer as implicações da infecção”, adianta a FLAD.

Com o FLAD Science Award Atlantic, Luísa Magalhães vai agora iniciar a sua investigação para “colmatar esta lacuna e entender como a perda ou ganho de diversidade de parasitas numa comunidade pode ter efeitos em cascata na produtividade e estabilidade dos ecossistemas de formas que até agora são consideradas imprevisíveis”.

De acordo com o comunicado, os resultados deste projecto ajudarão a “fazer uma gestão mais eficiente dos habitats mais vulneráveis a infecção por trematodes”, de modo que episódios de doença possam ser previstos ou pelo menos mitigados sem pôr em causa a estabilidade do ecossistema e a produção de recursos com valor comercial e/ou ecológico.

O FLAD Science Award Atlantic tem o objectivo de estimular o desenvolvimento de tecnologia e promover a nova geração de cientistas portugueses, através de um prémio que tem um “grande foco na obtenção de resultados práticos, como a criação de engenharia e tecnologias, que facilitem a compreensão e exploração dos ecossistemas atlânticos”.

Com este prémio, a FLAD pretende também conceder apoios e distinguir cientistas em início de carreira, promovendo assim a “nova e promissora geração de investigadores a residir em Portugal, sempre com um elo de colaboração próximo com os principais grupos de investigação nos EUA”.

O comité científico do júri foi constituído por Elsa Henriques, membro do conselho executivo da FLAD e professora do Instituto Superior Técnico, Miguel Miranda, professor catedrático na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente do IPMA, Pedro Camanho, professor catedrático na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e cientista convidado na NASA, e Rui Ferreira dos Santos, professor no CENSE (Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade) da Universidade Nova de Lisboa.

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