Salvini treme, mas fica, à espera de um “ministério forte”

Direcção federal da Liga reúne-se sem que a liderança de Salvini seja questionada. Partido exige que o seu secretário tenha um cargo de relevo no executivo de Meloni.

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Matteo Salvini foi a votos convencido de que seria de novo ministro do Interior FLAVIO LO SCALZO/Reuters

Apesar de algumas críticas duras, Matteo Salvini conserva a confiança plena do conselho federal da Liga, o partido de extrema-direita que lidera desde 2013. Fragilizado pelo mau resultado nas eleições de domingo, sem chegar aos 9%, viu-se em maus lençóis quando os principais diários de Itália, habitualmente bem informados, começaram a escrever que Giorgia Meloni decidira não lhe dar o Ministério do Interior – admitindo que a próxima chefe de Governo não tencionasse deixar qualquer ministério importante para a Liga.

Para tornar a situação pior, confirmava-se que Umberto Bossi, fundador e líder histórico do partido, não era eleito para o Parlamento pela primeira vez em 35 anos. “Chegou o momento de um novo líder para a Liga”, defendia, ao mesmo tempo, Roberto Maroni, ex-ministro de governos de Silvio Berlusconi (em coligação com a Liga) e um dos fundadores, ao lado de Bossi. “Agora fala-se de um congresso extraordinário. É preciso. Eu sei quem eleger, mas por agora não vou referir nomes.”

Foi com este pano de fundo que o conselho federal da Liga esteve reunido, terça-feira, em modo “discussão franca, mas debaixo da tutela absoluta do secretário federal Matteo Salvini: todos falaram e ninguém o questionou”, resumiu o jornal La Repubblica ao início da noite.

“O pedido de toda a direcção é que o nosso secretário seja o protagonista da próxima estrutura de governo, um ministro com peso”, afirmou o líder do grupo parlamentar, Riccardo Molinari, no final do encontro em Milão. Questionado sobre que ministério satisfará o partido, Molinari disse que isso “vai ser decidido com os demais partidos” da coligação, repetindo que a direcção considera que “a melhor forma de relançar a acção política [da Liga] é que o nosso secretário tenha um ministério forte”. Salvini quer obviamente voltar a ser ministro do Interior, para impor as suas políticas de segurança e imigração, bandeiras do partido.

Terminada a reunião, lá fora o ambiente parecia mais favorável. Após um primeiro encontro entre Meloni e Antonio Tajani na sede do Irmãos de Itália, a imprensa já citava “fontes parlamentares do centro-direita” para adiantar que uma das hipóteses em cima da mesa é que tanto Salvini como o coordenador do Força Itália possam ser vice-presidentes do Governo.

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