Liga Norte anuncia-se forte no Governo italiano e decidida a combater imigração ilegal

Duas violações mantiveram a criminalidade no centro
do debate. Partido
de Bossi defende grupos de prevenção e segurança formados por cidadãos

a Silvio Berlusconi garante que o seu próximo Governo, o terceiro que vai liderar em Itália, ainda não está fechado. Ontem prometeu até que "haverá surpresas", parecendo assim estar a pôr um travão aos anúncios dos seus aliados. A Liga Norte, o partido de Umberto Bossi que ultrapassou os oito por cento nas eleições da semana passada, anuncia que terá quatro pastas: um dos adjuntos do primeiro-ministro, a Agricultura, as Reformas e o Interior."Reformas, segurança, defesa da agricultura - essas são as razões porque as pessoas votaram em nós", disse Bossi ao diário La Stampa. Foi Bossi quem anunciou que as pastas serão quatro e quais serão, ainda no domingo, depois de uma reunião de vencedores, domingo, em Arcore, a residência de Berlusconi perto de Milão. E é Bossi quem destina o posto de ministro de Interior para um dos homens fortes do seu partido, Roberto Maroni.
Para Roberto Calderoli, que usou uma t-shirt com os polémicos cartoons de Maomé e promoveu um "dia do porco", ameaçando passear-se com um porco no local onde iria começar a ser construída uma mesquita, Bossi anuncia um dos lugares de vice de Berlusconi.
A segurança foi um dos temas da campanha eleitoral e continua a marcar o debate. Numa entrevista ao jornal Corriere della Sera, Maroni defendeu "mais limpeza e mais polícia" e prometeu "mais rigor contra a imigração clandestina", como já fizera o próprio Berlusconi.
Falou em onda de criminalidade "ligada à imigração, muitas vezes ilegal". E aplaudiu a ideia de grupos de defesa voluntários formados por cidadãos: "As rondas são legais. Fazem-se há anos em diversas cidades, não têm poderes de polícia judiciária, mas de prevenção."
Duas violações muito noticiadas nos últimos dias ajudaram a manter a criminalidade e a imigração no cimo da agenda. No caso mais mediatizado, uma estudante norte-americana foi atacada perto de uma discoteca milanesa; noutro, uma estudante do Lesotho foi violada nos arredores de Roma. Em Milão o principal suspeito é um egípcio e na capital foi preso um romeno.
Campanha em Roma
"O problema mais alarmante e humilhante que o novo Governo herda do anterior, que acabou de forma tão inglória, é a segurança pessoal. Será uma grande responsabilidade", escreveu o diário Il Giornale, próximo de Berlusconi, que usou como título "Roma violada".
Na capital, onde se realizaram eleições municipais em simultâneo com as legislativas, a campanha eleitoral continua. Francesco Rutelli, candidato do Partido Democrático, de centro-esquerda, ficou à frente de Gianni Alemanno (ex-Aliança Nacional, actual Povo da Liberdade, de Berlusconi), mas terá de enfrentar uma segunda volta, domingo e segunda-feira.
"Há demasiado tempo que os imigrantes e os nómadas são considerados intocáveis em Roma", afirmou Alemanno no fim-de-semana.

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