Uma semana, 150 acções de limpeza e um recorde do Guinness para quebrar

Este sábado, em Sesimbra, uma associação ambientalista vai tentar organizar a maior acção de limpeza subaquática de sempre. Para entrar no Guinness, a Oceanum Liberandum tem de envolver mais de 588 mergulhadores na iniciativa.

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Fundação Oceano Azul numa acção de limpeza subaquática decorrida há alguns anos em Sesimbra EMANUEL GONÇALVES/FUNDAÇÃO OCEANO AZUL

Esta semana ficou marcada por várias iniciativas de limpeza da costa portuguesa (o Dia Internacional de Limpeza Costeira assinala-se este sábado). “Até ao final do dia de ontem, realizaram-se 80 acções, de Norte a Sul do país (passando pelas ilhas). Em princípio, vamos chegar às 150”, diz ao PÚBLICO Flávia Silva, da Fundação Oceano Azul, que tem apoiado e promovido estas acções.

Responsável pelo programa de capacitação de organizações não-governamentais (ONG) da Fundação Oceano Azul, Flávia Silva diz que já foram contabilizados os “resultados finais” de 40 acções. Cerca de mil voluntários ajudaram a limpar 27 quilómetros de costa. Foram recolhidas 4,5 toneladas de lixo, “o que equivale a mais de 100 mil litros de lixo”. “Apanhou-se, conforme seria de se esperar, muito plástico, daí esta grande volumetria de lixo”, afirma Flávia Silva.

Foi em 2019 que a Fundação Oceano Azul começou a aproveitar a semana do Dia Internacional de Limpeza Costeira para, ao longo da mesma, promover uma série de acções de limpeza a uma escala nacional. Este ano, diz Flávia Silva, a fundação pôde contar com o envolvimento de “270 entidades nacionais”, incluindo “associações ambientalistas, juntas de freguesia, embaixadas, escolas, centros de mergulho, empresas e até mesmo clubes de futebol”.

A fundação pediu a cada voluntário para dizer qual “o lixo mais estranho” com o qual se havia deparado na costa. Flávia Silva refere que chegaram respostas como “routers para acesso à Internet, tabelas de basquete, pedaços de relva sintética, vassouras, tampas de sanita, grelhas de churrasco, sinais de trânsito e partes de carros”. “Também foram encontradas 156 máscaras cirúrgicas”, acrescenta.

​Tentar entrar no Guinness

Este sábado, em Sesimbra, a associação ambientalista Oceanum Liberandum vai organizar uma acção de limpeza subaquática que pretende ser a maior do género alguma vez feita — não só em Portugal, como no mundo. O recorde do Guinness remete para o dia 15 de Agosto de 2020, quando uma acção de limpeza de 12 horas em Taiwan envolveu 588 mergulhadores. Entre as 8h e as 20h de amanhã, a Oceanum Liberandum vai tentar bater esse número.

“Estamos com as expectativas elevadas, embora ainda não saibamos ao certo quantos mergulhadores vamos ter. Mas ainda estamos a receber inscrições, o que é bom”, diz ao PÚBLICO Débora Laborde, mergulhadora e co-fundadora da Oceanum Liberandum.

A associação é recente, tendo sido fundada no final de 2021. “Temos feito sobretudo acções de limpeza em praias, mas ambicionamos a muito mais do que isso. Este evento também vai servir para mostrar isso mesmo”, assinala Débora Laborde, fotógrafa subaquática amadora que, um dia, pretende mostrar a “beleza” da vida que existe no fundo do mar​ em documentários que ajudem a sensibilizar para a necessidade de protecção da biodiversidade marinha. “As acções de limpeza são para combater o mal actual. Os documentários são para evitar males futuros”, diz.

Flávia Silva entende que a limpeza que vai acontecer em Sesimbra é “muito mais do que o recorde do Guinness”. “É a mobilização de um sector que consegue providenciar uma ajuda muito importante”, diz, referindo-se ao sector do mergulho e explicando que, enquanto em terra “qualquer um consegue recolher lixo”, no fundo marinho “precisamos de pessoas com as competências e condições para lá chegar”. “E, como se sabe, a maior parte do lixo marinho está no fundo do oceano e não na costa”, sublinha.

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