Palcos da semana

Das piadas “terríveis” de Carr à Casa Portuguesa de Penim vão encontros de Jazz ao Centro, um Mimo com novo poiso e um Iminente de música e arte urbana.

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Karol Conká actua no festival Iminente, em Lisboa Jonathan Wolpert
,Centro Internacional de Bournemouth
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Lisboa e Porto recebem o humor Terribly Funny 2.0 de Jimmy Carr
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Asa integra o cartaz do Mimo, que este ano se muda para o Porto DR
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O veterano Marshall Allen dirige a Sun Ra Arkestra no Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra Beto Assem
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Pedro Penim estreia a sua Casa Portuguesa no D. Maria II Daniel Rocha

Reincidência urbana Iminente

Já se esticou além-fronteiras por diversas vezes (a mais recente, em Maio, numa manga francesa em Marselha), não se cansa de andar por bairros lisboetas a promover workshops comunitários (como voltou a acontecer neste Verão) e já teve poisos como Monsanto ou Oeiras.

Agora, reincide no espaço ao ar livre da Matinha (Marvila) que, no ano passado, elegeu para cenário da sua intenção de sempre: promover o convívio de diferentes expressões artísticas da cultura urbana, da música às artes visuais, passando por performances, desporto, festas e conversas.

Ao palco vai gente como Yasiin “Mos Def” Bey, ProfJam, DJ Khéops, Karol Conká, Sister Nancy ou Sam the Kid e a sua Orelha Negra a tocarem com uma orquestra. Wasted Rita, Miguel “maismenos” Januário e Vhils (co-fundador do festival) fazem parte do lote que assina as instalações site-specific.

Terrivelmente engraçado

Depois das passagens (esgotadas) por Portugal em 2019, por ocasião de uma digressão em modo best of, Jimmy Carr retorna com material garantidamente novo. Artilhado da mestria em one-liners e na entrega deadpan – e crente de que “ter o politicamente correcto numa actuação de comédia é como querer ter saúde e segurança num rodeo”, avisa na sinopse –, o humorista britânico vem falar de “coisas terríveis”, a bordo do espectáculo com que anda agora pelo mundo, Terribly Funny 2.0.

Um Mimo ao Porto

Emicida chega de (álbum) Amarelo, Chico César vem Vestido de Amor, Chiara Santoro traz canto lírico, Plínio Fernandes toca Saudade ao violão e a Orquestra Voadora dá um baile-cortejo. São exemplos da extensa comitiva que vem do Brasil para o Mimo. O festival, uma importação de um formato original desse país, esteve durante anos ancorado em Amarante mas, este ano, larga amarras da margem do Tâmega para se instalar pela primeira vez no Porto.

De bagagem cheia de músicas do mundo, convida também o congolês Ray Lema, a franco-nigeriana Asa, o cabo-verdiano Mário Lúcio (com seus Kriols), a costa-marfinense KT Gorique, o indiano Nishat Khan, a ucraniana Valentina Lisitsa, o DJ inglês Don Letts ou os portugueses Branko, Pedro Burmester e Maria João & Mário Laginha, entre muitos outros.

Do Palácio de Cristal à Universidade do Porto, passando por igrejas, jardins e outros locais, a ordem é para perceber que o Mimo, “muito mais do que ouvir música, é uma experiência sensorial”, define a directora Lu Araújo. Esta passa também por workshops, oficinas, palestras e sound systems nas ruas, sem esquecer a emblemática Chuva de Poesia, que este ano se precipita da Livraria Lello.

Ao centro, celebração jazz

Onze concertos, ao longo de um mês, em sete espaços. A estes números, só falta acrescentar outro, redondo, a motivar celebração: esta é a 20.ª edição do Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra. Mas as maiores razões para festejar estão, como sempre, no cartaz, que junta veteranos a novos talentos, e músicos “tradicionais” aos mais irreverentes.

Exemplo disso é o concerto de abertura, Outros Mashup, em que, do alto dos seus 98 anos, o saxofonista Marshall Allen dirige a Sun Ra Arkestra, a convite de Rodrigo Brandão. A seguir, entram em cena Alabaster DePlume, Nicole Mitchell, Peter Brötzmann, Heather Leigh, Maria João & Carlos Bica, Living with a Couple, Diogo Alexandre, Ambrose Akinmusire e Mário Laginha com a Banda Sinfónica da Filarmónica União Taveirense.

Numa Casa Portuguesa fica bem…

A Guerra Colonial e os seus fantasmas, a mutação da ideia de núcleo familiar, o confronto com o anacronismo de um significado de patriarca. Tudo isto cabe na Casa Portuguesa escrita e encenada por Pedro Penim.

Baseada no diário de guerra do próprio pai, alimentada por pensamentos do filósofo italiano Emanuele Coccia e cruzada com uma abordagem ao fado, a peça desconstrói estereótipos e hierarquias, enquanto toca na “mais dolorosa das feridas abertas da nossa história”, anuncia a sinopse.

Com interpretações dos actores Carla Maciel, João Lagarto e Sandro Feliciano e da dupla Fado Bicha, esta é a primeira manifestação da visão de Penim enquanto director artístico do D. Maria II, depois de Tiago Rodrigues, de partida para Avignon, lhe ter passado o testemunho.

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