Será que já se pode dizer umas verdades sobre a rainha?

A tradição que a monarquia representa é uns viverem na luxúria e ostentação e outros a viver das suas esmolas. Não está certo, nem aqui, nem em lado nenhum.

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Waruhiu Itote (ao centro), também conhecido como general China, no banco dos réus num tribunal colonial britânico durante a rebelião da independência Mau-Mau, nos anos 1950 Arquivo Nacional do Quénia via REUTERS

Não está em causa a pessoa, o seu carácter, as suas ideias, a sua vida pessoal, como mãe, mulher, avó e tudo mais. Sobre a pessoa, não tenho nada a dizer, a não ser os meus sentimentos à família e amigos. O que está em causa é a monarquia e sobre isso há muito a dizer.

Não se pode ser republicano e bajular monarcas. Não dá. Não combina. A monarquia é por definição injusta. Promove a ideia de haver uns acima dos outros. Promove a ideia de classes superiores e inferiores, promove a ostentação como algo de magnífico a almejar. É a antítese da premissa humanista, de que todos os Homens e Mulheres são iguais.

A monarquia inglesa é das maiores fortunas do mundo, com algumas fugas aos impostos. Com contas offshore em locais duvidosos. É uma plutocracia com parecenças com os oligarcas russos. E faz o contrário de Robin Hood: rouba aos pobres para ficarem mais ricos, quer no próprio país, quer pelo mundo fora.

A monarquia inglesa é racista. É a definição de racismo. É o maior paradigma de racismo. Sempre o foi. Em vários continentes. E já com esta rainha se cometeram atrocidades incríveis. Nenhuma das suas ex-colónias foi entregue porque era a coisa certa, ou porque a autoproclamação dos povos era algo de humano, mas sim à custa de muito sangue. A monarquia inglesa escravizou, traficou gente, roubou, pilhou e matou a seu belo prazer. É isto que eles representam...

Haver condolências respeitosas, claro que sim. Respeitarmos o facto de os ingleses quererem viver numa monarquia, tudo certo. Mas bajularmos dias e dias de não-notícias de gente a chorar não é o caminho que deveríamos escolher para este mundo. É uma vergonha ver esta adoração pela monarquia inglesa e tudo o que ela representa, sabendo até que activistas pela república no RU foram detidos nos últimos dias por se manifestarem.

A tradição que a monarquia representa é uns viverem na luxúria e ostentação e outros a viver das suas esmolas. Não está certo, nem aqui, nem em lado nenhum.

Falar sobre rainha é também falar sobre o passado que carrega e que representa que tem alguns contornos sinistros, com muito sangue de gente inocente.

Ser republicano é acreditar que qualquer um pode mandar, como ser mandado, na representação do bem comum, pois é para isso que existe a política. Existe pela luta da felicidade de todos e não só de alguns.

Ser escolhido por deus é só patético. Qual deus? Desde quando? Até quando? Nada disto faz sentido.

Ser republicano não é um detalhe, é lutar por um mundo mais justo, um mundo melhor, sem cores preferidas, sem religiões elegidas, e sem nenhuma pessoa acima ou abaixo de outra pessoa.

Detesto aquele discurso que diz que “somos pequeninos enquanto portugueses”, porque considero que vivemos num país incrível cheio de boa gente, mas estes últimos dias mostramos mesmo ter uma mundividência muito pequenina...

Eu sou republicano, e como tal sou contra a monarquia, e esta é também a altura de se dizer umas verdades dolorosas. E, como tal, o meu pesar a todos os povos que perderam muito sangue pelas mãos criminosas desta monarquia.

Se celebramos o 5 de Outubro de 1910, mudemos de canal cada vez que nos impingem mais migalhas da monarquia inglesa.

Enough!

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