Berlim assume controlo de filial da Rosneft para garantir combustível

Governo de Olaf Scholz toma conta de duas empresas e três refinarias russas na Alemanha que representam 12% da capacidade germânica de processar petróleo.

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Reuters/Sergei Karpukhin

O governo alemão anunciou nesta sexta-feira que vai tomar o controlo de empresas e refinarias do gigante russo Rosneft, entregando a gestão ao regulador da rede energética germânico BNetzA.

Em causa estão três unidades de processamento de petróleo, de entre as quais avulta a refinaria de Schwedt, que é uma peça-chave do fornecimento de fuel na Alemanha. A PCK, da Rosneft Alemanha, é a quarta maior refinaria do país, representa 12% da capacidade de refinação de petróleo em território germânico, fornecendo 90% do combustível fóssil usado por Berlim.

A decisão representa uma escalada significativa no redesenho do fornecimento de energia à principal economia da Europa. Será acompanhada por um “importante pacote para o futuro”, que vai “transformar a região e apoiar as refinarias na busca por fontes alternativas de combustível”, diz o executivo germânico, citado pela agência Bloomberg.

Em comunicado, o governo federal alemão anunciou que assume controlo e passa-o para a BNetzA nas empresas RN Refining & Marketing GmbH e Rosneft Deutschland GmbH, bem como as respectivas participações nas refinarias de Schwedt, Karlsruhe e Vohburg.

Com esta medida, garante o ministro alemão da Economia, Robert Habeck, o país defende-se “da ameaça à segurança energética e lança uma base importante para preservar e garantir o futuro da refinaria de Schwedt”. Esta era fornecida exclusivamente por crude russo que chegava por oleoduto e a solução pode agora passar por combustível norte-americano e de outras proveniências que chegará às costas da Polónia por via marítima.

A refinaria de Schwedt está estrategicamente situada junto do oleoduto Druzhba, que transporta combustível durante 4000 quilómetros, desde o centro da Rússia até aquela localidade, pertencente a Brandenburgo, e situada no nordeste da Alemanha, a dois passos da fronteira ocidental da Polónia e cerca de 100 km a norte de Berlim.

A Alemanha vai eliminar a importação de petróleo russo até ao final do ano, cortando assim a matéria-prima que era tratada naquela unidade. Tal cenário ameaçava paralisar as empresas cujo controlo passa para as mãos locais. É uma forma de o país se preparar para a mudança de cenário que se avizinha quando, daqui a cerca de três meses, deixar de receber fuel russo, por causa do embargo imposto aos produtos oriundos do país que, em Fevereiro, invadiu a Ucrânia e fez regressar a guerra militar à Europa.

Segundo a agência Reuters, o chanceler Olaf Scholz e o ministro da Economia, Robert Habeck, vão dar mais detalhes sobre esta medida a partir das 13h30 locais (12h30 em Portugal continental).

É a segunda vez que Berlim toma o controlo de importantes activos industriais russos ligados à exploração de energia. Antes da medida anunciada nesta sexta-feira, já o tinha feito com a Gazprom Germania, depois de a casa-mãe a ter abandonado em Abril.

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