“Não sou apologista de mulheres a trabalhar em restauração”, disse o sócio do Escama. Foi “afastado”

Numa entrevista que visava dar a conhecer a nova marisqueira Escama, em Cascais, um dos sócios, Pedro Silva Carvalho, acabou por gerar uma polémica ao explicar o porquê de a equipa ser toda masculina. “As mulheres são muito conflituosas a trabalhar em restauração”, justificou.” “Foi afastado do projeto” esta sexta-feira, anunciou o restaurante.

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A marisqueira abriu há quatro meses dr

Na marisqueira Escama, que abriu há quatro meses na Parede, em Cascais, só trabalham homens. O detalhe não passou despercebido à revista Time Out quando foi experimentar, pela primeira vez, este restaurante “moderno que respeita os clássicos”. Um dos sócios explica, no artigo publicado esta semana, o porquê de não haver funcionárias e o comentário deu origem a uma polémica em ebulição e chegou ao ponto de fervura, esta sexta-feira, com o afastamento daquele responsável do restaurante.

“Não sou apologista de mulheres a trabalhar em restauração”, admite Pedro Silva Carvalho à Time Out. “Sem querer ferir susceptibilidades, os homens são mais eficazes a trabalhar em restauração”. Com base na sua experiência na área, explica que “as mulheres são muito conflituosas” neste ramo, “porque isto é um trabalho desgastante, e não é fácil a longo prazo gerir certas coisas”. E remata: “nós, homens, pela experiência que eu tenho, lidamos com as coisas de uma forma diferente, não nos deixamos ferir tão facilmente.”

Porém, não deixa de notar que, no futuro, a equipa poderá vir a acolher pessoas do sexo feminino, uma vez que aquilo que, sublinha, ambicionam “é ter uma equipa coesa independentemente do sexo”.

“Espero que não leve a mal estar a dizer isto”, diz ainda Silva Carvalho à jornalista.

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Uma das imagens promocionais do restaurante Escama dr

Contudo, foi a própria equipa do Escama que ficou ofendida, reagindo prontamente: três dias depois da publicação do artigo da Time Out, o responsável, anunciaram, “foi afastado do projecto”.

Uma pessoa não faz o restaurante, apressou-se a equipa a comentar nas redes sociais. “Queremos deixar claro que o restaurante Escama e a sua equipa não se identificam minimamente com o tipo de ideologia e pensamento machista demonstrados no artigo da Time Out”, refere-se num comunicado, publicado esta sexta-feira. O PÚBLICO tentou contactar o restaurante, mas sem sucesso.

A equipa desculpou-se, assim, pelas declarações “misóginas” de Pedro Silva Carvalho durante uma entrevista onde deveria ter estado a “representar o Escama e a apresentar a visão de um negócio de restauração que tem como objectivo criar uma experiência única e positiva”.

No seu site oficial, apresenta-se o restaurante como um projecto para “inovar a tradicional Marisqueira”, tendo em conta que se situam no antigo Dom Pepe, um antigo local para mariscadas. Na carta, que muda de quatro em quatro meses e que valoriza os produtos sazonais e nacionais, não faltam as ostras, as amêijoas à Bulhão Pato ou as gambas à Guilho. Aos pratos tradicionais juntam ainda alguns toques das gastronomias francesa e japonesa.

Quanto à equipa que a nível do sexo já se sabe que é homogénea, escrevem que é “jovem” mas “bastante experiente”.

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