Realizador Lars von Trier está a tentar habituar-se a viver com Parkinson

Apesar de o diagnóstico ser recente, o cineasta sabe agora que já tinha a doença a manifestar-se durante as filmagens da terceira série da sua saga de culto, O Reino, iniciada em 1994. “Espero que os actores não tenham reparado”, desabafou.

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Em 2011, Lars Von Trier foi banido do Festival de Cinema de Cannes depois de se ter autoproclamado nazi Reuters/ERIC GAILLARD

O cineasta dinamarquês Lars von Trier disse, nesta quinta-feira, que se sentia bem depois de ter sido diagnosticado com a doença de Parkinson, mas reconheceu que poderá demorar algum tempo até se habituar aos tremores.

A nova temporada da série televisiva do realizador de 66 anos, O Reino, está a ser exibida no Festival de Veneza, onde se encontra parte do elenco para promover o projecto. Já Von Trier falou com os repórteres por videochamada.

A sua produtora anunciou no mês passado que lhe tinha sido diagnosticada Parkinson — uma doença neurodegenerativa que causa dificuldades na marcha, equilíbrio e coordenação.

“Penso que estou bem, mas os tremores levarão algum tempo [a habituar-me]”, disse Von Trier. “Mas [sinto-me] um pouco mais estúpido do que antes, o que diz muito.

Apesar de o diagnóstico ser recente, o cineasta sabe agora que já tinha a doença a manifestar-se durante as filmagens da terceira série da sua saga de culto, iniciada em 1994. “Espero que os actores não tenham reparado”, desabafou.

O Reino III (Riget Exodus, no título original)​, que estreia em Veneza como um filme de cinco horas, será lançado em cinco episódios na plataforma da Viaplay e da emissora dinamarquesa DR no final deste ano. “Não me sentei a assistir os [episódios] antigos. Penso que estava a tentar livrar-me das amarras às coisas velhas e só pensava nas personagens.”

Outros trabalhos do realizador incluem filmes sexualmente gráficos como Anticristo​, de 2009, Ninfomaníaca (Parte 1 e Vol.2)​, de 2013, o delirante Ondas de Paixão (Grande Prémio do Júri em Cannes, 1996) ou o trágico melodrama musical Dancer in the Dark, com a cantora islandesa Björk, pelo qual ganhou a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes em 2000.

Em 2011, Von Trier foi banido do Festival de Cinema de Cannes depois de ter tecido considerações sobre Adolf Hitler que muitos consideraram ofensivas e até de se ter autoproclamado nazi. O realizador acabaria por retractar-se, justificando o momento com o consumo excessivo de álcool e drogas; foi autorizado a regressar a Cannes em 2018.

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