Ministério Público investiga morte de bebé durante parto na Amadora

Feto terá estado várias horas em sofrimento, tendo o médico acabado por fazer uma cesariana quando o bebé já não tinha batimentos cardíacos. Processo já estará também na Ordem dos Médicos.

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Maternidade em unidade privada na Amadora encerrou em Fevereiro passado Manuel Roberto

O Ministério Público está a investigar a morte de um bebé durante o parto numa unidade de saúde da Amadora, que integra o grupo Lusíadas. O caso de alegada má prática médica ocorrido em Julho do ano passado foi noticiado esta quarta-feira pela SIC, tendo a Procuradoria-Geral da República confirmado ao PÚBLICO que o mesmo deu origem a um inquérito criminal, aberto já no ano passado, que decorre no Departamento de Investigação e Acção Penal da Amadora.

Tudo se passou entre 20 e 21 de Julho do ano passado, durante o trabalho de parto de uma mulher na maternidade da Clínica de Santo António, que entretanto mudou o nome para Hospital Lusíadas Amadora. A grávida estava a ser acompanhada por um médico daquela unidade, tendo demonstrado, segundo a SIC, vontade desde o início que o nascimento do seu primeiro filho fosse feito através de parto natural, espontâneo, sem recurso a medicamentos, indução ou cesariana.

A SIC diz que os registos clínicos mostram que o bebé esteve em sofrimento várias horas antes do nascimento, mas que durante o parto a grávida insistiu em ter um parto normal, uma vontade a que o médico acedeu. No entanto, o clínico terá acabado por realizar uma cesariana quando o bebé já não tinha batimentos cardíacos, tendo este nascido sem vida.

A estação televisiva dá conta que está a correr igualmente um processo disciplinar contra o médico no Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos, um organismo que o PÚBLICO tentou contactar sem sucesso.

A maternidade do Hospital Lusíadas Amadora acabou por fechar em Fevereiro passado, com a concentração da oferta de partos do grupo na região em Lisboa. Quando foi feito esse anúncio, a Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto escreveu uma carta aberta, lamentando o encerramento de uma unidade que dizia nos últimos anos ter registado “notáveis e crescentes” relatos positivos de partos.

O PÚBLICO contactou a assessoria de comunicação do grupo Lusíadas que recusou a comentar o caso, com a seguinte justificação: “O Grupo Lusíadas não pode, nos termos legais, partilhar ou divulgar informações de foro clínico referentes aos seus pacientes, pelo que, em face do exposto, não comentará este tema.”​

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