Pelas margens do Sena há cada vez mais vendedores de livros

O regresso em força dos turistas a Paris continua a alegrar e a fazer crescer os bouquinistes, os tradicionais vendedores de livros que se espraiam pelas margens do rio. Há até umas duas dezenas de novos livreiros: são já 230 e enriquecem o Sena com mais de 300 mil obras.

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Há 18 novos vendedores, elevando o total para 230 SARAH MEYSSONNIER/Reuters

No coração de Paris, o antigo marinheiro Rachid Bouanou abre uma grande caixa de madeira verde, armada numa parede com vista para o Sena, e expõe cuidadosamente os velhos livros em segunda mão que aí guarda para vender aos visitantes que por aqui andam a passear.

Os turistas voltaram em força à capital francesa e para os vendedores de livros das margens - conhecidos como os bouquinistes - é o fim do medo de que a pandemia pudesse pôr fim ao seu modelo de negócio, com uma história que remonta ao século XVI.

Há até 18 novos vendedores de livros que se vêm juntar aos antigos, muitos deles aqui há décadas, no caso ao longo destes quase três quilómetros ribeirinhos. Bouanou é um deles.

“Costumava ser marinheiro, mas sempre amei os livros, os belos livros, e pensei que o melhor seria partilhar esta paixão e partilhar os livros e autores de que gosto com outras pessoas”, diz, com um largo sorriso. “Estamos a ajudar as pessoas a descobrir livros, novos autores”, remata.

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Rachid Bouanou REUTERS/Sarah Meyssonnier

Aqui perto, Jan e Maria-Aida Vandemoortele, vindos de Bruges, Bélgica, andam a navegar alegremente por livros e jornais antigos à venda nos bouquinistes .

“Só em Paris é que conseguimos fazer estes passeios por entre livros maravilhosos”, diz Jan, de 68 anos. “Acabámos de ver uma revista Time datada de quando nascemos, portanto alguém a guardou durante 60 anos, meu Deus, é maravilhoso”, comenta.

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Um passeio pelos bouquinistes de Paris REUTERS/Sarah Meyssonnier
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Um passeio pelos bouquinistes de Paris REUTERS/Sarah Meyssonnier

Os mui cobiçados lugares de livreiros são atribuídos por períodos de cinco anos pela Câmara Municipal. Os vendedores não pagam renda, mas devem abrir pelo menos quatro dias por semana e, em tempos normais, os Verões, com muitos turistas, compensam as vendas mais calmas do Inverno.

Bouanou e os outros 17 novos vendedores foram aprovados recentemente, elevando o total para cerca de 230, os primeiros novos livreiros ribeirinhos nomeados desde 2019, antes de a pandemia manter afastados os turistas, tanto locais e estrangeiros.

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REUTERS/Sarah Meyssonnier
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Rachid Bouanou REUTERS/Sarah Meyssonnier

“A vida voltou finalmente (ao normal)”, diz Jerome Callais, que dirige a associação dos livreiros. “Acabámos de ter dois anos de pandemia com confinamentos que puseram fim à nossa actividade... agora os turistas estão de volta e novas livrarias estão a instalar-se.”

E os bouquinistes não têm apenas turistas como clientes. “É muito encorajador (que haja novos vendedores), é sinal de que nada vai desaparecer”, comenta o parisiense Kubilai Iksel, de 27 anos. “Isto é uma das coisas mais maravilhosas de Paris.”

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A passear pelos bouquinistes de Paris, aqui uma foto de 2018 com um vendedor onde cintilam "novidades" REUTERS/Charles Platiau

Um passeio pelas margens do Sena seguindo os livros pode ser feito na margem direita, da Pont Marie ao Quai du Louvre, e na margem esquerda, do Quai de la Tournelle ao Quai Voltaire. Segundo o turismo oficial de Paris, é um passeio marcado por mais de 300 mil obras.

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