Como é o som de um buraco negro?

A NASA divulgou esta semana uma gravação amplificada do som de um buraco negro. As reacções (e comparações) têm um pouco de tudo: de assustador ao ronco de um estômago vazio ou uma nova música dos Pink Floyd.

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Som divulgado é a versão amplificada das frequências emitidas numa região associada a um buraco negro NASA

Ao longo de várias décadas, os buracos negros têm mantido, talvez mais que qualquer outra região do Universo, uma aura de mistério e terror que se transforma em admiração. Afinal, são algo que atrai tudo em seu redor, dada a intensidade do seu campo gravitacional. Nada lhes escapa. A gravação do som que um buraco negro faz, publicada esta semana nas redes sociais da NASA, acrescenta mais uma camada a esta reputação.

A agência espacial norte-americana publicou nas redes sociais o que chamou uma “sonificação remixada” de um buraco negro localizado no centro do aglomerado de galáxias de Perseus, a cerca de 240 milhões de anos-luz do planeta Terra. A região é associada a ondas sonoras há quase duas décadas: em 2003, os astrónomos descobriram que ondas de pressão emitidas por este buraco negro causavam ondulações no gás quente do aglomerado, podendo ser traduzidas em notas musicais.

Este ano, pela primeira vez, as ondas sonoras foram “extraídas e tornadas audíveis”.

“A concepção errada de que não há som no espaço tem origem no facto de a maioria do espaço ser um vácuo, não proporcionando forma de as ondas sonoras viajarem. Um aglomerado de galáxias tem tanto gás que conseguimos captar o som real”, introduz a publicação da NASA, apresentando uma versão “amplificada, e misturada com outros dados”, do som que faz um buraco negro.

A tal tradução em notas musicais não seria suficiente para que pudéssemos ouvir alguma coisa. Para serem reproduzidos, os sinais sonoros recolhidos pelos astrónomos foram remisturados para frequências audíveis por humanos – a reprodução que ouvimos está 57 oitavas acima do verdadeiro tom, o que corresponde a uma frequência 144 mil biliões de vezes superior à original.

O som, divulgado pela primeira vez em Maio, foi recolhido pelo telescópio de raios X Chandra, que tem sido utilizado para realizar várias “sonificações” do espaço.

A publicação da NASA nas redes sociais provocou reacções ao longo de todo o espectro: por um lado, há quem se manifeste atemorizado ou atormentado pelo som de algo, por si só, assustador. Outros viram a coisa com humor, como o escritor de ficção científica John Scalzi ou a meteorologista Natasha Spenbock, que comparou o som ao ronco de um estômago vazio.

Houve ainda quem tenha estabelecido comparações com músicas dos Pink Floyd ou brincasse com a apresentação de um novo single da islandesa Björk.

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