Península Ibérica mais seca até Novembro, avisa relatório europeu

Leste de Portugal será particularmente afectado nos próximos três meses, prevê relatório da Comissão Europeia publicado nesta terça-feira. Europa poderá estar a atravessar a pior seca dos últimos 500 anos.

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Barragem de Vilar-Tabuaço, no rio Távora, um afluente do Douro Miguel Manso

A Comissão Europeia prevê que a Península Ibérica tenha, até Novembro, “condições mais secas do que as habituais”, revela um relatório publicado nesta terça-feira, adiantando que “os riscos podem persistir” relativamente à seca. O documento alerta ainda sobre a falta de armazenamento de água em Portugal durante o próximo trimestre.

“É provável que nos próximos meses, até Novembro de 2022, ocorram condições mais quentes e secas do que o habitual na região euro-mediterrânica ocidental. Em algumas zonas da Península Ibérica, estão previstas condições mais secas do que as habituais para os próximos três meses”, segundo o relatório publicado nesta terça-feira do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, onde se avalia a situação de seca na Europa. O documento tem por base os dados e análises do Observatório Europeu da Seca.

No entanto, os dados para a maior parte da Europa prevêem “condições normais entre Agosto e Outubro de 2022”. Esta normalização irá permitir “aliviar as condições críticas de muitas regiões europeias e dos sectores afectados”, espera Bruxelas.

Na Península Ibérica, pelo contrário, está previsto que as “condições meteorológicas sejam mais secas do que o normal no Oeste de Espanha e Leste de Portugal”, bem como em toda a região euro-mediterrânica ocidental, onde “alguns riscos podem persistir”, de acordo com o Centro Comum de Investigação.

Relativamente a Portugal, “a energia hidroeléctrica armazenada em reservatórios de água é inferior a metade da média dos cinco anos anteriores”, assinala o documento. “O estado do armazenamento de água para irrigação está a piorar e todos os reservatórios diminuíram. Na maioria dos casos, espera-se que o armazenamento de água seja suficiente para completar o ciclo de irrigação das culturas, mas cerca de 25% dos reservatórios estão sob défice significativo e podem não satisfazer as necessidades de irrigação”, alerta-se. Além disso, “o perigo de incêndios florestais é de elevado a extremo na maior parte” de Portugal, adianta.

Pior seca em 500 anos

Em Agosto, o relatório indica que 47% do espaço comunitário está em condições de alerta de seca, o que significa que a precipitação tem sido inferior ao normal e que a humidade do solo é deficitária. A actual seca pode ser a pior desde há, pelo menos, 500 anos, avisam os especialistas europeus. “A grave seca que afecta muitas regiões da Europa desde o início do ano tem vindo a expandir-se e a agravar-se ainda mais desde o início de Agosto. As condições secas estão relacionadas com uma ampla e persistente falta de precipitação combinada com uma sequência de ondas de calor a partir de Maio”, adianta este serviço comunitário no relatório.

O documento dá ainda conta de que entre as regiões mais afectadas pelas anomalias negativas de precipitação entre Junho e Agosto estão o Centro e o Sul de Portugal e Espanha, o Sul de França, o Centro de Itália, o Sul da Alemanha, a Eslováquia, a Hungria e a Roménia.

A Península Ibérica sofreu uma prolongada onda de calor na primeira quinzena de Julho de 2022, levando a temperaturas acima da média a longo prazo para o mesmo mês, estando ainda a registar temperaturas elevadas.

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