Scholz rejeita comentário de Abbas sobre Holocausto

Chanceler alemão foi criticado por não ter reagido ao uso da palavra numa conferência de imprensa com o presidente da Autoridade Palestiniana.

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O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, na terça-feira em Berlim LISI NIESNER/Reuters

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse esta quarta-feira em comunicado que rejeitava o uso da expressão “Holocausto”, feito na véspera pelo presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, numa conferência de imprensa conjunta em Berlim.

“Para nós alemães, qualquer relativização da singularidade do Holocausto é intolerável e insuportável”, escreveu Scholz no Twitter, dizendo estar “profundamente indignado” com a utilização da expressão por Abbas.

Na conferência de imprensa de terça-feira, Abbas foi questionado sobre se pretendia levar a cabo uma investigação ou pedir desculpa pelo ataque que matou 11 atletas israelitas que iam competir nas Olimpíadas de Munique em 1972, agora que se aproxima o aniversário de 50 anos sobre o ataque.

Abbas fugiu à pergunta, acusando Israel de cometer “50 Holocaustos” sobre os palestinianos. “Se quisermos ir mais longe no passado, sim, tenho 50 massacres que foram cometidos por Israel. Que estão documentados… 50 massacres, 50 holocaustos, e até hoje temos pessoas mortas pelo Exército israelita”, declarou Abbas.

Scholz, que antes tinha afirmado perante Abbas que discordava do termo “apartheid” para classificar a situação em Israel e nos territórios palestinianos, fez uma expressão de desagrado mas não fez qualquer comentário à afirmação de Abbas.

O chanceler está a ser muito criticado por não ter respondido. A conferência de imprensa terminou logo após essa afirmação de Abbas e o porta-voz de Scholz, Steffen Hebestreit, disse que a culpa foi sua por não ter dado tempo ao chanceler para responder, segundo o Politico.

O chefe da missão da Autoridade Palestiniana em Berlim foi chamado pelo gabinete do chanceler para protesto, acrescentou o porta-voz.

A anterior chanceler, Angela Merkel, quebrou o silêncio que tem mantido sobre a maior parte das questões para fazer um comunicado dizendo que a Alemanha “não tolerará” qualquer relativização do Holocausto nem qualquer tentativa “de pôr o Estado de Israel, directa ou indirectamente, ao mesmo nível da Alemanha na época nazi”.

Enquanto isso, o gabinete de Abbas fez uma declaração escrita: “O Presidente Mahmoud Abbas reafirma que o Holocausto é o crime mais odioso na história humana moderna”, e que a resposta do presidente da Autoridade Palestiniana “não pretendia negar a singularidade do Holocausto que ocorreu no século passado”, e que Abbas “condena com veemência”.

Esta não é a primeira vez que Abbas se desculpa a posteriori por comentários sobre o Holocausto e a perseguição dos judeus na Europa.

Em 2018, provocou polémica ao defender que os nazis não tinham perseguido os judeus por serem anti-semitas, mas sim “pela sua função social ligada à usura e à banca”. Mais tarde, fez uma declaração escrita semelhante à que fez agora, dizendo que o Holocausto foi “o crime mais odioso da História” e pedindo desculpas a quem pudesse ter ofendido com a sua declaração, “em especial às de fé judaica”.

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