Pra não dizer que não falei das flores (nem dos fatos)

Os alunos brasileiros que escrevam na norma em que aprenderam não deviam ser penalizados aqui por isso. Dá trabalho? Dá. Mas é justo.

Ao ler o título desta crónica, um brasileiro pensará imediatamente em duas coisas: numa canção de Geraldo Vandré que muito brado deu em 1968, Pra não dizer que não falei das flores; e em acção, acontecimento (os “fatos”, entre parênteses), que aliás o próprio refrão de tal canção incentivava: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Isto em plena ditadura militar brasileira e num tempo em que a contestação juvenil se fazia ouvir nas ruas e na música. As flores ecoavam um flower power pacifista, muito americano e bem ao tom do tempo: “Pelos campos há fome em grandes plantações/ Pelas ruas marchando indecisos cordões/ Ainda fazem da flor seu mais forte refrão/ E acreditam nas flores vencendo o canhão.” Para um português, as flores também dirão qualquer coisa do género, nem que seja pela associação dos cravos ao 25 de Abril de 1974. Mas já os fatos parecerão conversa de alfaiate ou pronto-a-vestir.

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