Directores pedem alargamento da medida que prevê vagas no superior para alunos carenciados

Este ano haverá 500 vagas para alunos que frequentam escolas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária. Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas defende que a medida “deveria ser estendida às restantes escolas onde também existem alunos carenciados”.

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O facto de a medida não ter ainda avançado leva Filinto Lima a pedir ao Governo o alargamento do projecto a todos os alunos carenciados NELSON GARRIDO

Os directores escolares defendem que o Governo alargue a todos os alunos carenciados a medida que prevê a abertura de 500 vagas no ensino superior apenas para os estudantes de escolas situadas em zonas desfavorecidas.

O Governo anunciou que este ano iria haver um contingente de 500 lugares no ensino superior para alunos que frequentam escolas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), mas o plano ainda não se concretizou, segundo uma notícia avançada esta terça-feira pelo Jornal de Notícias.

Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), em declarações à Lusa, a medida anunciada pelo Governo “deveria ser estendida às restantes escolas onde também existem alunos carenciados”.

O programa TEIP abrange actualmente 136 agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas que estão localizadas em territórios económica e socialmente desfavorecidos, “marcados pela pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso escolar se manifestam”, segundo a informação disponível no site da Direcção-geral de Educação.

O facto de a medida não ter ainda avançado leva Filinto Lima a pedir ao Governo o alargamento do projecto a todos os alunos carenciados, ou seja, aos que têm Apoio Social Escolar (ASE), independentemente da escola que frequentem. Além disso, acrescentou, “a medida tem de ser acompanhada com bolsas e ter um cariz social” que garanta que os alunos não desistem de estudar por questões económicas.

“Não vale a pena dar apenas um rebuçado, porque muitas vezes o mais difícil é mantê-los. É preciso custear os seus estudos no dia-a-dia”, sublinhou.

Sobre a abertura de 500 vagas, o presidente da ANDAEP reconhece que é um “número redutor”, tendo em conta que na primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, que está neste momento a decorrer, abriram cerca de 54 mil vagas em todo o país. Apesar de considerar redutor, Filinto Lima considera que seria “um primeiro impulso”.

Segundo o Jornal de Notícias, que cita o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, “a medida não avançou no concurso nacional de acesso”, mas “durante este ano será promovida uma reflexão sobre o regime geral de acesso ao ensino superior, ocasião em que esta matéria será ponderada”.

Esta medida é uma das principais novidades do Plano nacional contra o racismo e discriminação, aprovado em Julho do ano passado, que previa quadruplicar as vagas para alunos desfavorecidos em três anos. Assim, no próximo ano iriam abrir mil vagas, no seguinte seriam 1500 e em 2025 já seriam 2000 vagas para alunos de escolas TEIP.

Além das vagas no concurso nacional de acesso ao ensino superior, o plano prevê igualmente a criação de vagas adicionais para alunos de escolas TEIP no acesso a cursos técnicos superiores profissionais (TESP): 150 lugares em 2023, 300 em 2024 e 300 em 2025.

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