Mulheres tinham patologias graves em mais de três quartos dos casos de mortalidade materna em 2020

Directora-geral da Saúde explica no Parlamento a elevada taxa de mortalidade materna registada em 2020.

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Nelson Garrido

Mais de três quartos dos casos de mortalidade materna identificados em 2020 dizem respeito a mulheres que sofriam de “patologias graves” e um dos que já foi investigado em detalhe é o de uma mulher que “foi fazer fertilização in vitro ao Brasil aos 55 anos e acabou por morrer em Portugal”, revelou a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, durante uma audição nesta quarta-feira na comissão de saúde no Parlamento.

Estas mulheres tinham “factores de risco e morbilidade prévia”, nomeadamente doenças cardiovasculares, obesidade mórbida e neoplasias, elencou, notando que estes são ainda dados preliminares.

Graça Freitas adiantou também que dois dos 17 casos registados em 2020 poderão ter outras causas, pelo que o valor final da taxa mortalidade materna em 2020 - a mais alta registada nos últimos anos - ainda poderá ser alterado.

A taxa de mortalidade materna atingiu em 2020 os 20,1 óbitos por 100 mil nascimentos, uma tendência de agravamento que já se verificava desde 2017. Nesse ano ascendeu a 10,4 mortes por 100 mil nascimentos e, em 2018, a 19,5.

A directora-geral explicou que esta tendência de agravamento poderá estar relacionada com o facto de o Sistema de Informação de Certificados de Óbito (Sico) - que permite que estes certificados estejam disponíveis no momento em que são preenchidos pelos médicos - apenas ter passado a estar completamente operacional a partir de 2016, o que eventualmente terá permitido mitigar o problema da subnotificação deste tipo de casos que “é conhecido a nível internacional”.

A subnotificação da mortalidade materna decorre da “complexidade destes casos” e do período “enorme” em que podem ocorrer - desde a gravidez até 42 dias após o parto - disse ainda, garantindo que a Direcção-Geral da Saúde está “preocupada” e que “cada morte conta”.

As mulheres que morrem durante a gravidez, o parto e o puerpério “tendem a ser mais velhas”, acrescentou, precisando que 52,9% das mortes ocorreram acima dos 35 anos, acrescentou.

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