Subida de mais de 30% na energia dá combustível à inflação

O INE confirma subida da inflação homóloga em Junho para 8,7%. Produtos energéticos e alimentos continuam a dar o principal contributo, mas subida dos preços verifica-se na maioria dos bens.

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A subida de preços energéticos registada em Junho é a mais elevada desde Agosto de 1984 Paulo Pimenta

Foi com o contributo decisivo da subida de mais de 30% dos preços da energia, mas também com a alta generalizada dos preços na grande maioria dos outros produtos, que a taxa de inflação homóloga em Portugal chegou aos 8,7% no passado mês de Junho, superando a média europeia pela primeira vez nos últimos cinco anos e meio.

O Instituto Nacional de Estatística confirmou, esta terça-feira, o valor da inflação de Junho que tinha divulgado na estimativa rápida feita no final do mês passado. A variação mensal dos preços em Junho foi de 0,8%, o que fez com que a taxa de inflação homóloga passasse dos 8% de Maio para 8,7%. A inflação homóloga harmonizada (que permite a comparação com a média da zona euro) subiu de 8,1% para 9%, ficando acima dos 8,6% registados na zona euro, algo que acontece pela primeira vez desde Dezembro de 2017.

Nos dados definitivos agora divulgados, o INE dá conta da variação dos preços registada nos diversos grupos de produtos. E em Junho, continuou a ser evidente, de uma forma ainda mais marcada, o contributo decisivo que os preços da energia e dos alimentos, os mais afectados pela guerra na Ucrânia, estão a ter para a escalada da inflação em Portugal.

De acordo com o INE, os preços dos produtos energéticos registaram em Junho uma variação face ao mesmo mês do ano passado de 31,7%, quando em Maio este indicador estava nos 27,3%. A subida de preços energéticos registada em Junho é a mais elevada desde Agosto de 1984.

No caso dos produtos alimentares não transformados, a variação homóloga dos preços foi de 11,9%, uma ligeira subida face aos 11,6% de Maio.

No entanto, não é só nestes produtos que se verifica uma pressão em alta dos preços. Isto torna-se evidente quando se verifica que a taxa de inflação homóloga excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos chegou em Junho aos 6%, uma subida face aos 5,6% do mês anterior. Na maior parte das 12 classes de produtos definidas pelo INE, assistiu-se em Junho a um agravamento da inflação homóloga, com destaque para os transportes e os restaurantes e hotéis. No sentido contrário, os preços da saúde e do vestuário e calçado registaram uma descida face a Junho do ano passado.

Esta generalização das pressões inflacionistas, que também se verifica no resto da zona euro, é um dos motivos pelos quais o Banco Central Europeu se prepara, na reunião agendada para dentro de 10 dias, para subir as suas taxas de juro de referência. Já se tornou evidente para os responsáveis da autoridade monetária que a subida da inflação não é apenas um fenómeno temporário provocado pela escalada dos preços da energia e dos alimentos e que, por isso, é necessário começar a agir para evitar a existência de efeitos de segunda ordem que podem prolongar ainda mais o fenómeno.

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