Inflação da zona euro chega aos 8,6% em Junho

Portugal registou em Junho uma inflação superior à média dos países da moeda única. Na Alemanha, o indicador recuou, em França agravou-se.

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A variação no índice de preços nos bens alimentares na zona euro está nos 8,9% Daniel Rocha

A taxa de inflação nos países da zona euro voltou a acelerar em Junho. Com a escalada progressiva dos últimos meses, o índice harmonizado de preços no consumidor ficou, em Junho, num valor 8,6% acima do que se registava um ano antes, segundo a informação actualizada nesta sexta-feira pelo Eurostat, o gabinete estatístico da União Europeia (UE).

Esta diferença representa um agravamento da inflação em relação aos últimos meses. Se em Outubro a variação homóloga era de 4,1%, em Dezembro já atingiu a barreira dos 5% e a partir daí a tendência foi ascendente. Em Janeiro estava nos 5,1%, em Fevereiro passava para 5,9%, e em Março, com a invasão da Ucrânia, dava um salto para 7,4%; em Abril essa distância manteve-se e em Maio a trajectória continuou, ao atingir os 8,1% e, agora, os 8,6% em Junho.

Mesmo excluindo o índice relativo à energia, a taxa de inflação continua num valor elevado, de 5% em Junho, acima do objectivo global do Banco Central Europeu (BCE) de manter a inflação num valor próximo dos 2% para manter a estabilidade dos preços.

No índice dos preços da energia, a variação homóloga é de 41,9%; nos bens alimentares está nos 8,9% (chegando aos 11,1% nos bens alimentares não transformados); nos produtos industriais não energéticos está nos 4,3%; e nos serviços, nos 3,4%.

Em termos homólogos, Portugal tem uma taxa superior à média do conjunto dos países da moeda única. Em Junho, registou uma taxa de 9%. Este valor é diferente da taxa de inflação de 8,7% divulgada na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística porque, a nível europeu, o indicador usado para se fazerem comparações entre os países tem uma estrutura de ponderação diferente. A variação mensal do índice de Maio para Junho foi de 1,1%, também superior à média da zona euro, onde a diferença foi de 0,8%.

Alemanha nos 8,2%

A Alemanha, a maior economia, regista uma inflação de 8,2%, o que representa uma desaceleração em relação ao pico de 8,7% registado em Maio, mas não numa dimensão suficiente para que a diferença em relação ao ano passado seja agora menor do que aquela que se registava em Março ou Abril, quando a taxa de inflação estava abaixo dos 8%.

Na segunda maior economia do bloco económico, a França, o movimento foi o contrário. A taxa de inflação agravou-se, sendo agora a diferença homóloga de 6,5%, quando em Abril estava nos 5,4% e em Maio nos 5,8%. A economia francesa é o segundo país com a taxa mais baixa.

Itália, a terceira maior economia da região do euro, regista uma inflação de 8,5%, o que também significa um aumento em relação ao que se passava em Maio (7,3%).

A Espanha está no grupo dos nove países onde a taxa de inflação chega aos dois dígitos. A taxa está nos 10%. Em Março tinha chegado a 9,8%, mas em Abril a diferença homóloga encolheu para 8,3%, voltando a subir em Maio para 8,5% e continuou a subida em Junho.

Alguns países do Leste europeu continuam a ser aqueles onde a inflação está num nível mais alto. Na Estónia, o índice de preços voltou a subir, levando a taxa para 22%. A Lituânia regista uma inflação de 20,5%, a Letónia de 19% e a Eslováquia de 12,5%.

A Grécia a diferença face a Junho do ano passado está nos 12%. Na Eslovénia, nos 10,8%; na Bélgica, nos 10,5%; e no Luxemburgo nos 10,3%.

Fora deste grupo, mas com uma inflação igualmente acima da média europeia, estão também os Países Baixos (9,9%), a Irlanda (9,6%) e Chipre (9,1%).

A Áustria regista um valor próximo ao de Portugal, Itália e Alemanha, nos 8,7%. Na Finlândia a inflação está nos 8,1%. Em Malta a diferença é de 6,1%, o valor mais baixo na zona euro.

Neste mês de Julho, o BCE prepara-se para dar um passo no sentido da contenção da inflação, ao prever subir as taxas de juro de referência em 25 pontos base, o que terá reflexo num agravamento dos custos de financiamento.

Depois de anunciar em Junho que tomará essa decisão na reunião de política monetária de Julho, em paralelo com outras medidas destinadas a reduzir os estímulos à economia europeia ao acabar com a compra de dívida pública, embora continue a reinvestir os pagamentos dos títulos que vão vencendo, a instituição liderada por Christine Lagarde procurou acalmar os mercados quando se começou a verificar uma rápida subida das taxas de juro da dívida soberana dos países da periferia (como Itália, Grécia e Portugal), ao prometer que actuará contra o “ressurgimento de riscos de fragmentação” da área do euro através de um novo instrumento que se encontra em estudo.

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