O afropresente de Dorothée Munyaneza é o futuro que deu certo por linhas tortas

Pela terceira vez em Portugal, a coreógrafa ruandesa traz ao Festival de Almada o luto e a festa de uma comunidade auto-empoderada de artistas negras, reparando as malhas que os impérios europeus teceram mundo fora. Mailles sobe esta noite ao palco grande da Escola Secundária D. António da Costa, numa apresentação única.

racismo,teatro,culturaipsilon,danca,musica,ruanda,
Fotogaleria
Mailles é um encontro a seis na terra de toda a gente da diáspora africana pelo mundo LESLIE ARTAMONOW
racismo,teatro,culturaipsilon,danca,musica,ruanda,
Fotogaleria
Depois de Samedi Détente e de Unwanted, esta é a terceira criação de Dorothée Munyaneza LESLIE ARTAMONOW

Os corpos dos milhares e milhares que morreram, muitos dos quais nem sequer puderam ser devidamente enterrados, caminham com Dorothée Munyaneza desde que, com toda a hipersensibilidade dos seus 11 anos, viu começarem a amontoar-se à porta de casa os primeiros cadáveres do genocídio ruandês. Estão com ela, supomos, quando põe margaridas numa jarra e leva ao forno um bolo de chocolate – assim descrevia à rádio France Culture o ambiente lá em casa em pleno primeiro Inverno pandémico, a poucos dias de ver anulada a estreia em Paris da sua mais recente peça –, e seguramente estão com ela em Mailles (“Malhas”), que às 22h desta terça-feira, em apresentação única, o Festival de Almada faz subir ao palco grande da Escola Secundária D. António da Costa.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar