Jorge Costa escreveu sobre o que é ser sem-abrigo e essa história é agora um livro

Diário de um sem-abrigo é o título do livro do falecido cronista do jornal digital Mensagem de Lisboa que reúne o testemunho da sua vida como sem-abrigo durante oito meses. O livro foi apresentado esta quinta-feira no Centro de Alojamento de Emergência de Santa Bárbara.

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Jorge Costa, o cronista da Mensagem de Lisboa, faleceu em Abril deste ano, aos 55 anos, vítima de doença prolongada Mensagem de Lisboa

Foi num bloco de notas de um telemóvel antigo que Jorge Costa escreveu sobre a sua vida como sem-abrigo durante oito meses nas ruas de Lisboa, após perder o emprego como técnico administrativo numa empresa de contabilidade que foi à falência. Durante um ano, publicou 14 crónicas no jornal digital Mensagem de Lisboa, narrando o declínio da sua situação financeira, até ter de abandonar o quarto onde vivia sem nenhuma opção senão dormir ao relento. Os testemunhos do cronista estão reunidos no livro Diário de um Sem-abrigo - Os dias (e noites) de Jorge Costa a viver nas ruas de Lisboa, publicado pela editora Oficina do Livro/LeYa.

O livro foi apresentado esta quinta-feira no Centro de Alojamento de Emergência de Santa Bárbara, em Arroios, local escolhido em homenagem às pessoas que se encontram em situação sem-abrigo. Durante o evento, duas mulheres acolhidas pelo centro, leram dois excertos do livro que descrevem a história da vida de Jorge Costa que se viu na mesma situação das pessoas que tantas vezes ignorava na rua.

A jornalista Catarina Reis encontrou o cronista no início de 2021, na altura ainda sem-abrigo, albergado no pavilhão do Complexo Desportivo Municipal Casal Vistoso que funcionou como centro de acolhimento a pessoas sem-abrigo durante a pandemia, após Tiago Quaresma, um dos fundadores d’A Mensagem de Lisboa, ter sugerido procurarem por alguém que escrevesse sobre como é viver como sem-abrigo numa cidade fechada durante a pandemia.

Na apresentação esteve presente a vereadora dos Assuntos Sociais, Laurinda Alves, o vereador da Cultura Diogo Moura, a editora do livro Rita Fazenda, Catarina Carvalho, directora d’A Mensagem de Lisboa e Nuno Markl. Este humorista e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveram dois prefácios sobre Jorge Costa, que faleceu em Abril deste ano, com 55 anos, vítima de cancro. Catarina Carvalho relembra-o como uma pessoa com “candura”, apesar do pessimismo.

O livro está disponível para compra desde 14 de Junho nas livrarias. As receitas da venda vão reverter para a criação de uma Bolsa de Jornalismo sobre Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.

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