“Crise” na aviação “não deverá melhorar nas próximas semanas”, admite presidente da TAP

Christine Ourmières-Widener justifica as falhas no serviço oferecido pela TAP com a falta de trabalhadores, uma crise vivida a nível global no sector da aviação.

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Christine Ourmières-Widener, presidente da TAP, admite que a empresa que lidera não está "a oferecer o serviço de excelência" pretendido Rui Gaudencio

O transporte aéreo está a atravessar uma “crise” e o cenário “não deverá melhorar nas próximas semanas”. As palavras são da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, que justifica as falhas no serviço da companhia aérea com a falta de trabalhadores a nível global, numa altura em que as operações da maioria das companhias aéreas passaram, de forma súbita, “praticamente do zero para cerca de 90% dos níveis pré-pandemia”.

A mensagem da presidente da TAP é dirigida aos clientes da companhia aérea, numa carta publicada no site oficial da empresa, depois de um fim-de-semana em que um incidente com um jacto privado levou ao encerramento da pista no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, afectando os voos de várias companhias aéreas, sobretudo da TAP.

Mas os problemas que têm afectado a operação da companhia portuguesa vão para lá deste incidente isolado, admite a presidente da TAP. “Ainda que as restrições à mobilidade de passageiros tenham sido levantadas na sua maioria, o transporte aéreo, bem como a respectiva estrutura e serviços complementares, enfrenta uma séria limitação de recursos a nível global, num momento em que as operações de voo passaram praticamente do zero para cerca de 90% dos níveis pré-pandemia”, pode ler-se na carta agora publicada.

Neste contexto, Christine Ourmières-Widener reconhece que a empresa que lidera não está “a oferecer o serviço de excelência” pretendido,"face à crise que o transporte aéreo atravessa e que, de acordo com as previsões mais recentes, não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens de lazer e de negócios”.

Assim, garante a responsável, as equipas da TAP “estão empenhadas em minimizar ao máximo todo e qualquer inconveniente que possa surgir”. E diz esperar “um transporte aéreo mais robusto, funcional e articulado no Verão de 2023”.

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O aeroporto de Lisboa este domingo Rui Gaudêncio

ANA prevê 29 cancelamentos em Lisboa

Este fim-de-semana, segundo os dados disponibilizados pela ANA – Aeroportos de Portugal, foram cancelados 65 voos no Aeroporto Humberto Delgado no sábado e mais de 40 no domingo. Os constrangimentos parecem agora estar a diminuir, mas ainda são sentidos.

Segundo os números avançados pela gestora dos aeroportos nacionais à Lusa, prevê-se que, esta segunda-feira, sejam cancelados 29 voos de e para o aeroporto de Lisboa, entre 15 partidas e 14 chegadas.

Estes constrangimentos têm sido sentidos em vários aeroportos europeus, onde se registaram atrasos e supressões nos últimos dias. Em Espanha, por exemplo, o sector enfrentou uma greve na Ryanair e na Easyjet, enquanto em França o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, foi afectado por uma paralisação de bombeiros. Essa greve terá levado ao cancelamento de cerca de 20% dos voos que estavam previstos neste aeroporto no sábado.

Na origem destas disrupções tem estado, sobretudo, a falta de pessoal, numa altura em que as companhias aéreas não conseguem dar resposta ao aumento súbito da operação, depois de terem reduzido substancialmente os quadros de trabalhadores no contexto da pandemia.

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