Amnistia Internacional acusa Rússia de crimes de guerra em Kharkiv

A Amnistia adianta que foram recolhidos vestígios de bombas de fragmentação e minas terrestres proibidas pelas convenções internacionais. Os ataques indiscriminados a edifícios residenciais e a civis sustentam a acusação.

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Os bombardeamentos em Kharkiv mataram centenas de civis Reuters

A Amnistia Internacional acusou a Rússia de praticar crimes de guerra em Kharkiv (Carcóvia), no Leste da Ucrânia. Segundo a organização não-governamental (ONG), as tropas russas utilizaram armamento proibido durante os ataques, nomeadamente bombas de fragmentação, que provocaram a morte a centenas de civis.

“Os repetidos bombardeamentos a edifícios residenciais em Kharkiv são ataques indiscriminados que mataram e feriram centenas de civis e, como tal, constituem crimes de guerra”, pode ler-se no relatório da Amnistia.

A ONG afirma que a utilização continuada “de tais armas explosivas” nas zonas residenciais equivale a ataques contra a população civil. Em Kharkiv, foram descobertos vestígios de bombas de fragmentação 9N210 e 9N235, assim como minas terrestres dispersas pelo território.

Os dois tipos de armamento são proibidos desde 2008 pela Convenção sobre Munições de Fragmentação das Nações Unidas (ONU), mas nem a Rússia nem a Ucrânia assinaram esse documento. Contudo, destaca o relatório, o direito humanitário internacional “proíbe ataques indiscriminados e o uso de armas que são indiscriminadas por natureza”, escreve o Guardian.

O relatório “Qualquer pessoa pode morrer a qualquer momento” detalha os ataques das forças russas às áreas civis de Kharkiv no primeiro dia da invasão, que continuaram durante dois meses, provocando uma “destruição total” na cidade de 1,5 milhões de habitantes.

Segundo a porta-voz da Amnistia, Donatella Rovera, os habitantes foram mortos em casa e nas ruas, “em parques infantis e cemitérios, enquanto faziam fila para ajuda humanitária, ou compras de alimentos e medicamentos”. “As forças russas responsáveis por estes ataques horríveis devem ser responsabilizadas”, acrescentou.

Segundo a administração militar da cidade, a guerra já provocou a morte de 606 pessoas e feriu 1248. “Lançar ataques indiscriminados que resultem em morte ou ferimentos em civis, ou danos a objectos civis, constitui crime de guerra”, conclui a Amnistia.

O Tribunal Penal Internacional e as Nações Unidas também estão a investigar os alegados crimes de guerra cometidos pelas tropas russas desde o início da invasão à Ucrânia, no dia 24 de Fevereiro.

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