Museu Marítimo vai ter um dóri em crochet “construído” com a ajuda da comunidade

Projecto “Entrelinhas” pretende homenagear as mulheres que ficavam em terra durante as ausências dos maridos. Todas as ajudas são bem-vindas.

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Museu Marítimo tem 85 anos Adriano Miranda

O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) lançou um apelo à comunidade com vista a “construir” um dóri em crochet. Todos aqueles que saibam fazer este tipo de malha foram chamados a dar uma ajuda, uma vez que são precisos cerca de 500 quadrados de crochet para dar forma à réplica da pequena embarcação usada na pesca do bacalhau. Depois de pronta, a instalação artística será exposta no museu, homenageando “as mulheres que ficavam em terra durante as ausências dos maridos, e que lhes preparavam as viagens, cosendo a vela, o saco de viagem, luvas e gorros”.

Até 5 de Junho esteve aberta a open call à comunidade, na certeza de que este não era um desafio exclusivo para ilhavenses. “Sendo este um projecto de participação comunitária, e sendo a pesca do bacalhau transversal a vários territórios, gostávamos muito que esta iniciativa envolvesse essas localidades também”, enquadra Nuno Miguel Costa, coordenador da direcção do MMI. De Viana do Castelo à Fuzeta, todos foram chamados a participar nesta iniciativa, desde que cumprissem esse requisito essencial: saber fazer crochet. Tudo o resto fica, depois, a cargo da unidade museológica ilhavense. “Iremos fazer chegar às pessoas um kit com um novelo, instruções e agulha, caso esta última seja também necessária”, acrescenta aquele responsável.

Este novo projecto, intitulado “Entrelinhas”, resulta de uma parceria entre o MMI e a artista Deborah Mota, no âmbito do seu trabalho final de mestrado em Criação Artística Contemporânea, na Universidade de Aveiro. “Toda a vertente de concepção do dóri fica a cargo da Deborah, enquanto o museu assume esta componente comunitária”, explica Nuno Costa.

Além destes participantes, o museu conta já com uma ajuda de peso. Vários seniores do município, utentes dos espaços da Maioridade do concelho, estão a produzir quadrados de crochet. Tudo para que o “Entrelinhas” consiga chegar a bom porto e dentro do prazo previsto. “A nossa ideia passa por apresentar esta instalação artística a 6 de Agosto, no âmbito do 85.º aniversário do museu”, vinca o coordenador. Para já, os indicadores são positivos, uma vez que há já “várias inscrições prévias” registadas.

Navio-museu acaba de reabrir ao público

Outro dos grandes atractivos deste que é o 85.º ano de existência do Museu Marítimo foi desvendado muito recentemente. O Navio-Museu Santo André, pólo do MMI, acaba de reabrir portas, depois de ser alvo de uma profunda requalificação, e apresenta agora um novo projecto museográfico. A intervenção, que envolveu um investimento de 1,2 milhões (com financiamento de 75 % da União Europeia), permitiu abrir novos espaços ao público - como é o caso da casa das máquinas - e apresentar novos recursos expositivos - nomeadamente, no que respeita a “luminotécnica, sistema de som integrado e tecnologias de suporte imersivas”.

Depois de ter estado encerrado ao público durante mais de um ano, o arrastão construído em 1948, na Holanda, também passou a contar com um novo e moderno edifício de recepção no cais do Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré. Está aberto de terça a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, e ao domingo, das 14h00 às 18h00.

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