Quinta Ponte da Capinha: um campo de milho, muitas memórias e napperons pelas paredes

Cantava-se e dançava-se na eira, mugia-se a vaca e o soro do queijo entranhava-se nas paredes de pedra. A antiga vida da quinta dos bisavós de Júlia estava esquecida numa arrecadação.

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A quinta "estava ao abandono" Quinta da Capinha
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A piscina com vista parta os campos de milho Luís Octávio Costa
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As peças de mobília recuperadas Luís Octávio Costa

O pequeno-almoço, sumo de laranja espremido — voltaremos, fica prometido, na época do sumo de pêssego —, pão quente, compotas e ovos de galinhas caseiras foi servido na sala onde noutra vida da casa e da família ficava a vacaria. Ali os palheiros dos animais, acolá a pocilga e a nitreira. E lá fora ainda resiste a eira, onde era debulhado o milho. “Durante a noite cantava-se e dançava-se”, recorda João Tavares, com memórias bem vivas da rotina da quinta, então com uma casa de madeira e rodapés altos. “Lembro-me da história de uma sardinha que dava para três. Não é mito”, diz, enquanto roda a cabeça para fitar a fotografia dos falecidos pais, Afonso e Prazeres, e para uma série de objectos que estiveram uns anos abandonados até alguém voltar a olhar para eles com olhos de ver: a arca para guardar o pão cozido para os criados, o alambique, os potes para as azeitonas, para a carne em vinha d’alhos e para os enchidos conservados em azeite, as bacias de latão das filhoses e de outros fritos, as caixas de madeira com divisórias para organizar os talheres, as cestas para a roupa acabada de passar, as peneiras para separar as azeitonas das folhas, os napperons de renda emoldurados e uma série de móveis utilitários, agora recuperados.

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