Rússia pode estar a preparar um julgamento do tipo Nuremberga para os soldados do Azov

Julgar os prisioneiros que se renderam na Azovstal em território ocupado pela Rússia na Ucrânia daria uma “lição àqueles que se esquecem das lições de Nuremberga”.

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Alguns dos soldados ucranianos que se renderam na fábrica Azovstal, em Mariupol RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE/HANDOUT/EPA

A Rússia poderá estar a preparar-se para realizar um julgamento internacional mediático para as centenas de soldados do Batalhão Azov que se renderam na fábrica Azovstal, na cidade portuária ucraniana de Mariupol.

“Estamos a planear organizar um tribunal internacional no território da república”, disse Denis Pushilin, líder do território controlado pela Rússia na região de Donetsk. Segundo o Guardian, a ideia seria fazê-lo à imagem do que a União Soviética realizou em Kharkiv, em 1943, para julgar, condenar e executar três alemães e um ucraniano por enforcamento.

Na altura, os soviéticos criaram um facto mediático, atraindo fotógrafos internacionais e imagens dos enforcados apareceram até na revista Life. O julgamento dos soldados do Batalhão permitiria ao Presidente russo, Vladimir Putin, demonstrar que o objectivo da “desnazificação” da Ucrânia, um dos que foi referido para justificar a guerra, ou “operação militar especial”, era real e necessário.

O jornal britânico cita um antigo diplomata russo que poucos dias depois do início da invasão escreveu numa mensagem de WhatsApp: “Preparem-se para o Nuremberga 2.0”, referindo-se aos julgamentos de Nuremberga, organizados depois da II Guerra Mundial para julgar os nazis.

Não é ainda certo se Moscovo vai ou não avançar com esse evento público. Até agora o Governo russo apenas comentou que os soldados ucranianos que se renderam no complexo siderúrgico de Mariupol serão julgados em Donetsk, território ucraniano controlado pelas forças pró-russas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, seria um dos favoráveis à ideia, bem como alguns deputados importantes que se manifestaram contra a troca dos prisioneiros do Batalhão Azov com prisioneiros russos nas mãos dos ucranianos.

Para Serguei Aksionov, o líder do governo da Crimeia, a península que a Rússia invadiu em 2014 e anexou, julgar os soldados do Azov nos territórios ocupados do Leste da Ucrânia, onde vigora a pena de morte, será uma “lição para todos aqueles que se esquecem das lições de Nuremberga”.

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