Mais de 12% da população entre os 16 e 74 anos é de origem imigrante. Um terço nasceu nos PALOP

Segundo o boletim do INE, Situação dos migrantes e seus descendentes directos no mercado de trabalho, mais de um terço veio para Portugal há mais de 40 anos, entre 1972 e 1981. A população imigrante e os seus descendentes são mais jovens e mais escolarizados do que a população sem essa origem.

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A maior parte da população com origem imigrante vive em centros urbanos Diego Nery

Mais de 12% das pessoas a viver em Portugal, entre os 16 e 74 anos, é de origem imigrante, mostram os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que acabam de ser publicados, e são relativos a 2021. Desses, mais de um terço (36,7%) nasceu num dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), refere este destaque sobre a Situação dos migrantes e seus descendentes directos no mercado de trabalho. Esta percentagem diz respeito a 7679,2 pessoas entre aquela faixa etária que viviam em Portugal em 2021.

Desdobrando as percentagens, os 12,4% de pessoas com origem imigrante dividem-se assim: 7,6% são imigrantes de primeira geração, ou seja, pessoas que nasceram fora de Portugal, e 4,8% são descendentes de imigrantes, ou seja, pelo menos um dos progenitores nasceu fora de Portugal. Os números são quase idênticos aos de 2014, ano em que havia 12,9% com background imigratório (só que desses, 9,2% eram imigrantes e 3,7% descendentes de imigrantes).

Segundo o INE, a composição da primeira geração de população imigrante reflecte os laços históricos com outros países. Angola, França, Brasil, Moçambique e Venezuela são os principais países de nascimento desta faixa da população. Cerca de 70,4% fala português. E do total dos imigrantes, apenas 7,7% chegou a Portugal há menos de dez anos. Além disso, mais de um terço veio para Portugal há mais de 40 anos, entre 1972 e 1981, o que reflecte a preponderância do processo migratório a seguir à descolonização. As razões principais da migração foram familiares, incluindo reagrupamento familiar.

A grande maioria dos imigrantes nasceu fora da União Europeia (69,7%): 21,5% em Angola, 19,3% em França, 9,8% no Brasil e 34,9% outras nacionalidades. A população imigrante e os seus descendentes são mais jovens (49,3% tem entre 16 e 39 anos) e mais escolarizados (32,6% tem o ensino superior) do que a população sem background imigratório (onde apenas 23,8% o tem).

Já em relação ao local de residência, a maioria vive sobretudo nas áreas urbanas (cerca 79,7%), dado ligeiramente superior a quem não tem essa origem (72,8%), e habita sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa (37,4%), Norte (26,4%) e Centro (21,9%).

Situação “mais desfavorável”

Os dados não demonstram diferenças substanciais entre quem tem e quem não tem origem imigrante, com entre 25 aos 64 anos, relativa ao mercado de trabalho. Mas os descendentes de imigrantes estão numa situação “mais desfavorável” quando comparados com os imigrantes: 73,6% está empregada, menos 6,7% do que os imigrantes, e 9,6% está no desemprego (quando entre os imigrantes essa percentagem é de 5,9%).

Do total de imigrantes e seus descendentes cerca de 10% indica ter sentido discriminação no contexto laboral, uma percentagem que sobe para 11,3% relativamente aos imigrantes. Há mais mulheres do que homens a assinalar essa discriminação, bem como quem está na faixa etária entre os 40 e 54 anos e a viver em Portugal entre há 40 e 49 anos.

Além disso, um terço dos imigrantes refere estar num emprego que exige menos competências do que o que tinham antes de vir para Portugal. A maioria dos imigrantes empregados com entre 25 e 64 anos não tinha um emprego antes de vir para Portugal (78,3%), porque grande parte chegou a Portugal ainda jovem, nota o INE.

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