Estrangeiros residentes em Portugal aumentaram 40% desde 2011

Dados preliminares do Censos 2021 mostram que Odemira foi o concelho com maior aumento populacional da última década. Um quarto dos agregados tem apenas uma pessoa.

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Um quarto das pessoas vive sozinha Daniel Rocha

Os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) já têm dado conta do crescimento da população estrangeira residente em Portugal, mas agora o Censos 2021 confirma-o: entre 2011 e 2021 aumentou 40%, atingindo agora as 555.299 pessoas. Este valor representa 5,4% do total da população, quando em 2011 era 3,7%. Dos estrangeiros, 452.231 são de um país exterior à União Europeia, ou seja, 81,4%.

Em termos de regiões é no Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa (AML) que a percentagem de estrangeiros é maior: representam 14,7% e 8,9% da população, respectivamente. Em 2011 essa percentagem era de 11,6% no Algarve e de 7,2% na AML. Porém, numa análise mais desagregada, a nível municipal é em Odemira (28,6%), Alzejur (26,3%), Vila do Bispo (26,1%) Lagos (23,4%) e Albufeira (20,4%) que se concentram as maiores proporções de estrangeiros, mais até do que na capital, onde essa percentagem é de pouco mais de 10%.

Segundo os Resultados Provisórios dos Censos 2021, que acabam de ser publicados depois de em Junho se terem divulgado os preliminares, viviam em Portugal no dia do Censos, a 19 de Abril de 2021, 10.344.802 pessoas, das quais 4.921.170 eram homens e 5.423.632 mulheres. Nos últimos dez anos a população portuguesa diminuiu, portanto, 2,1%. Só o Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa é que registaram um aumento da população, em 3,7% e 1,7%, respectivamente. Ao nível municipal​, Odemira (13,5%) e Mafra (12,8%) foram os municípios que tiveram os maiores aumentos de população em termos relativos.

Em dez anos houve um aumento significativo do nível de escolaridade da população, com mais gente com o ensino superior e com o ensino secundário e pós-secundário: há 1,8 milhões, ou seja, 17,4% da população, de licenciados, superior aos 11,8% em 2011 e aos 7,2% em 2001. Subiu também a população com o ensino secundário e pós-secundário: de 14,2% para 21,3%. Entretanto, 13,7% da população não tem nenhum nível de ensino completo, 21,4% da população tem o ensino básico, e 10,7% e 15,5% têm o 2.º e o 3.º ciclos, respectivamente.

Um quarto das pessoas vive sozinha

Nos agregados domésticos o grande aumento, de 18,6%, foi no número de pessoas que vivem sozinhas, representando quase um quarto do total; por outro lado, 33,3% dos agregados têm duas pessoas. Com estes dados, naturalmente os agregados maiores perderam expressão: os que têm quatro pessoas representam 14,7% e os que têm cinco pessoas apenas 5,6% (eram 16,6% e 6,5% em 2011, respectivamente). É na Área Metropolitana de Lisboa que se concentra a maior percentagem dos agregados domésticos com uma pessoa (28,2%).

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Estes dados podem reflectir o facto de, como provisoriamente apurado, cerca de 43,4% da população ser solteira, os casados representarem 41,1% e os divorciados e viúvos 8% e 7,5%, respectivamente (pela primeira vez os divorciados superaram os viúvos).

O Censos sublinha ainda que as alterações nos agregados domésticos serão um reflexo das mudanças de padrões de fecundidade, nupcialidade e divorcialidade.

Houve ainda mudanças na proporção da população masculina (4. 921.170) e da população feminina (5.423.632), ou seja, a relação de masculinidade é de 90,7 homens por 100 mulheres, o que mostra “um maior desequilíbrio entre os volumes populacionais dos dois sexos” em dez anos, pois em 2011 esta relação era de 91,5 homens por 100 mulheres. E como se distribui por faixas etárias esta população? Entre os 0 e os 14 anos e os 15 e os 24 anos há mais pessoas do sexo masculino, mas acima dos 65 anos o número de homens é significativamente inferior.

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Quanto à diminuição da população, foi na faixa entre os 0 e 14 anos que se verificou a redução mais significativa (menos 15,3%). Já entre os 15 e 24 anos essa descida foi de 5,1% e a da população entre os 25 e os 64 anos de 5,7%. Por isso, “agravou-se o fenómeno do duplo envelhecimento da população”: a percentagem de população idosa representa 23,4%, enquanto a de jovens entre 0 e 14 anos é de apenas 12,9% – o que dá um rácio de 182 idosos por cada 100 jovens (era de 128 em 2011 e 102 em 2001).

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