Disney+ cresce para 138 milhões de assinantes, mas estúdio vai gastar menos em conteúdos

Resultados superaram expectativas mas segundo semestre vai ser mais fraco, admite o grupo do Rato Mickey. Depois da quebra da Netflix, streaming reajusta perspectiva.

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A Disney+ tem tido um crescimento regular desde o seu lançamento, em 2019 Reuters/Dado Ruvic

A Disney+ continua a crescer e no primeiro trimestre deste ano acumulou mais 7,9 subscritores, para um total de quase 138 milhões de assinantes em todo o mundo. Os números injectaram novas perspectivas no negócio do streaming depois de a quebra da Netflix, no mesmo período, ter afundado o optimismo até aí imparável deste mercado audiovisual mundial. Mas que perspectivas são essas? Por um lado, podem indicar que a plataforma se perfila como séria concorrente da Netflix; por outro, as acções da Disney desvalorizaram na bolsa e o estúdio avisou que vai conter os seus gastos nos próximos tempos.

A plataforma de streaming Disney+, presente em Portugal, é um serviço recente e que, tal como a HBO Max, compete por um lugar no pódio mundial do streaming onde a Netflix é pioneira e rainha. (Outra fortíssima concorrente, a Amazon, tem métricas mais difíceis de comparar com as destas empresas nativas do entretenimento.) No último trimestre teve como força de conteúdo a estreia do filme Turning Red, um título da Pixar — uma das várias chancelas que a Disney+ agrega, sendo outras as poderosas Marvel e Star Wars, que também têm novas séries em cartaz.

O crescimento de assinaturas da Disney+ ultrapassou as expectativas de Wall Street, mas ainda assim as acções do grupo do Rato Mickey desvalorizaram 3% nas horas após a apresentação dos resultados da empresa; no total das negociações perderam mais de 4,8%. É que apesar de revistas da especialidade como a Hollywood Reporter estimarem que, com estes números “sugerem que a empresa pode estar posicionada para ocupar a liderança no que se tornou uma corrida sangrenta para o topo no streaming”, mas a Disney como um todo teve um trimestre complicado com problemas de relações públicas em torno da chamada lei “Don’t Say Gay” na Florida (que limita a discussão da orientação sexual ou género nas escolas) e com gastos mais elevados no estrangeiro do que o previa.

A condizer com a nova contenção que Wall Street pareceu pedir quando a Netflix anunciou a sua primeira perda de assinantes em mais de uma década (200 mil, com mais dois milhões previstos para o segundo trimestre de 2022), a Disney anunciou que vai gastar menos mil milhões em produção de cinema e televisão do que o inicialmente previsto - o número total é ainda assim gigantesco, 32 mil milhões de dólares. “Estamos muito cuidadosamente atentos” aos gastos, disse o presidente do grupo, Bob Chapek, citado pela Bloomberg.

O segundo semestre pode não ser de tanto crescimento para a Disney, admitiu também Chapek, o que também contribuiu para a reacção na Bolsa de Nova Iorque.

Nos EUA, a Disney tem ainda as plataformas de streaming ESPN+, de desporto, e Hulu, de filmes e séries. Ambas cresceram também em assinantes e ajudam a perceber um mercado cada vez mais pulverizado em grandes e pequenas marcas e solicitações constantes à atenção e carteira dos espectadores. Os resultados da Netflix parecem ter começado a furar a bolha do streaming que se pautava por investimento exponencial em produção, dívida nos bastidores e oferta avassaladora para o público.

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