Google Maps vai permitir “sobrevoar” cidades e espreitar restaurantes

A ferramenta foi anunciada esta quarta-feira durante o I/O, o mais importante evento da Google para programadores.

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Immersive View permite sobrevoar cidades DR

Até ao final do ano, vai ser possível começar a “sobrevoar” diferentes cidades a partir da aplicação de mapas da Google no telemóvel, tablet ou no computador. Com o novo Immersive View (vista imersiva, em português) do Google Maps, vai ser possível ver o ambiente numa cidade a diferentes horas do dia e “espreitar” o interior dos restaurantes para ver se o ambiente agrada.

A ferramenta foi anunciada esta quarta-feira durante o I/O que é o mais importante evento da Google para programadores e acontece anualmente em Mountain View, na Califórnia. Tóquio, no Japão, Londres, no Reino Unido, e Los Angeles, Nova Iorque e São Francisco nos EUA serão as primeiras zonas urbanas disponíveis.

"Fundimos milhares de milhões de imagens aéreas e imagens das ruas das cidades para criar uma representação visual dos locais. Isto permite explorar uma cidade de uma forma nova”, explicou o presidente executivo da Google, Sundar Pichai, em palco. “Com o Immersive View, se estão a pensar visitar o Big Ben [em Londres], podem ver o trânsito que está, quão ocupada está a zona, e até a meteorologia”, sugeriu. “Se estiverem a planear parar para comer durante uma viagem, podem consultar os restaurantes nos arredores e entrar para espreitar o ambiente. O que é impressionante é que não usámos um drone [para obter as imagens]. Usamos processamento com redes neuronais para criar a experiência a partir de imagens.”

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O Immersive View vai chegar primeiro a Londres, Tóquio, Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles DR

Durante o I/O, a Google também anunciou várias outras novidades, incluindo a possibilidade dos algoritmos traduzirem novas línguas sem nunca as terem ouvido antes, bem como sistemas de realidade aumentada que facilitam uma ida ao supermercado. O PÚBLICO compilou uma lista das novidades:

Ver mais com o telemóvel

A Google está a trabalhar num sistema de realidade aumentada que permite aos utilizadores obterem mais informação sobre o mundo que os rodeia a partir do telemóvel. Por exemplo, ao apontar a câmara do telemóvel para uma prateleira de pacotes de cereais no supermercado será possível receber informação sobre os alergenos e a nutrição dos diversos produtos sem ter de ler quaisquer rótulos. Ainda não há data para o lançamento destas ferramentas.

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Poupar combustível

A Google vai expandir as suas viagens “verdes” para a Europa. Desde Outubro que no Canadá e nos EUA é possível pedir direcções para um sítio seguindo a a rota mais eficiente em termos de combustível. A funcionalidade já permitiu poupar meio milhão de toneladas métricas de emissões de dióxido de carbono (a equipa da Google diz que é o equivalente a tirar das estradas 100 mil carros).

A opção estará disponível nas definições da aplicação do Google Maps. Deve-se carregar nos três pontos no canto superior direito e escolher a “opção de rota” mais eficiente para poupar combustível.

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Sundar Pichai, presidente executivo da Google Google

Descobrir os arredores

A Google está a expandir o motor de busca para ajudar pequenos negócios quando se pesquisa com combinações de palavras e fotografias. Por exemplo, ao pesquisar fotografias de sapatos ou roupa será possível adicionar a etiqueta “near me” (perto de mim) para receber informação sobre lojas que vendem o produto nas proximidades do utilizador.

A função será lançada no final do ano nas pesquisas feitas em inglês.

Traduzir do zero

Os sistemas de inteligência artificial da Google já conseguem traduzir línguas e dialectos do zero, sem quaisquer dados para os treinar. Esta quarta-feira, a gigante norte-americana adicionou 24 novas línguas e dialectos à sua app de tradução (ao todo, a tecnológica domina 133 línguas e dialectos).

Contrariamente a línguas mais populares, que têm enormes bases de dados de textos traduzidos em várias línguas, os algoritmos não tinham qualquer informação sobre o conjunto mais recente que inclui vários idiomas de África e da América do Sul. O método, a que a equipa do Google chama de zero-shot translation (tradução do zero), mostra que o Google precisa de cada vez menos exemplos para aprender a completar a tarefa. As redes neuronais (sistemas de inteligência artificial inspirados no cérebro humano) aprendem sozinhas.

“Isto é prova de que é possível traduzir sem quaisquer recursos. Até agora tínhamos de mostrar a uma rede neuronal centenas de exemplos de traduções. Era uma barreira porque este tipo de conteúdo não existe para todas as línguas”, explica Isaac Caswell, engenheiro na Google. “Isto parece magia, mas essencialmente temos um sistema que já aprendeu a traduzir várias línguas. É uma espécie de poliglota e a base de conhecimento sobre línguas é o suficiente para decifrar novos textos em línguas que não conhece.”

O conjunto de 24 línguas inclui idiomas falados por 300 milhões de pessoas em todo o mundo, nomeadamente:

  • Sepedi: falada por 14 milhões de pessoas na África do Sul
  • Oromo: utilizada por 37 milhões de pessoas na Etiópia e no Quénia
  • Quechua: utilizada por 10 milhões de pessoas na Bolívia, Perú e Equador

API de realidade aumentada

A Google anunciou que vai disponibilizar várias ferramentas para ajudar programadores que criam apps para Android a desenvolverem novas ferramentas com realidade aumentada (tecnologia em que imagens digitais se sobrepõem a imagens do mundo físico). Uma das hipóteses é facilitar a criação de ferramentas para ajudar utilizadores de apps de bicicletas e trotinetes partilhadas a estacionar os veículos no final da viagem; outra é criar videojogos em que criaturas míticas surgem em frente de monumentos importantes.

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