Google recria Big Bang na palma da mão

A nova aplicação do Google permite simular a origem do Universo ao abrir e fechar as mãos em frente ao telemóvel. É uma colaboração entre a tecnológica e o laboratório europeu de física CERN.

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A aplicação do Google permite desvendar alguns segredos do universo em cinco minutos Reuters/NASA

Há uma nova aplicação do Google para simular o começo do Universo em cinco minutos. Como é habitual, tudo começa com o Big Bang. Aponta-se a câmara do telemóvel à mão fechada, depois abre-se a mão e uma “explosão” preenche o ecrã: é o começo de tudo, como foi há 13,8 mil milhões de anos. Seguem-se seis capítulos sobre a origem do espaço e do tempo para explorar até à formação do planeta Terra.

Pelo caminho, pode-se carregar no ecrã para empurrar as primeiras peças do Universo juntas (podem-se formar protões e neutrões), ver o Universo a arrefecer, procurar as primeiras estrelas ao deslocar o ecrã do telemóvel e, depois, vê-las a explodir, e girar o planeta terra na palma da mão.

No final, pode-se tirar uma selfie para ver que partes das estrelas (oxigénio, carbono, cálcio, nitrogénio) fazem parte de todos nós.

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A aplicação é uma colaboração entre a plataforma online do Google dedicada à cultura, a Arts & Culture, e a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (mais conhecida por CERN).

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“É um tributo à criatividade humana e à curiosidade”, resumiu a responsável pelo programa do Google, Liudmila Kobyakova, durante uma apresentação do projecto para jornalistas. “É através do telemóvel que se vê tudo. É preciso andar com o telemóvel e deslocar o ecrã para explorar toda a aplicação. Não é só fazer zoom no ecrã.”

A experiência depende da tecnologia de realidade aumentada, em que imagens digitais se sobrepõem a imagens do mundo físico, e que tem sido usada em muitos museus. Faz parte de uma nova secção da aplicação de cultura do Google, Era uma vez uma tentativa (Once upon a try, em inglês) dedicada à ciência e à investigação, que também inclui expedições com astronautas da NASA e viagens em 360º ao maior acelerador de partículas do mundo, o Large Hadron Collider.

No total, a viagem desde que se instala a nova aplicação do Google e se assiste ao Big Bang até à criação da Terra demora cerca de cinco minutos. Mas a equipa do CERN acredita que a aplicação vai ser usada durante mais tempo.

“Não acho que seja algo para experimentar só uma vez e pôr de lado”, diz o físico Rolf Landua, responsável pelo departamento de educação do CERN, em resposta a uma pergunta do PÚBLICO. “Os humanos gostam de compreender as coisas. Saber o que está por trás. E hoje muitas pessoas têm um telemóvel no bolso em que podem passar cinco minutos a desvendar as curiosidades do Big Bang e descobrir mais.”

Pode-se demorar um pouco mais, ao parar para ler várias explicações sobre alguns. Por exemplo: o que é a radiação cósmica de fundo? E que é que tem a ver com um micro-ondas?

Para Landua o grande objectivo da aplicação é ser um ponto de partida. “É o começo de uma experiência mais profunda sobre o que se faz no CERN. Na aplicação há muita informação para ler, mas é preciso mergulhar no assunto”, diz o físico. “A nossa investigação é precisamente sobre esta época de expansão do Universo. Há muita coisa ainda por descobrir. E quando respondemos a algumas, descobrimos outras.”

Viajar ao futuro

A nova aplicação de realidade aumentada é apenas uma parte da nova secção do Google Arts & Culture, que inclui 350 novas exposições interactivas sobre o progresso da ciência e da tecnologia, divididos por quatro capítulos (Descobertas Extraordinárias, Fazer História, Grandes Mentes, e Inovações de Amanhã).

Tal como se pode viajar no passado até à origem do Universo, pode-se viajar 30 anos no futuro até 2050. A visão do Google para esse tempo inclui um mundo em que se mede a glucose no sangue com lentes de contacto, os insectos fazem parte da alimentação da maioria (e podem-se ter pequenas quintas de criação caseira na sala), os robôs são colegas de secretária, e todas as pessoas andam com sensores nos bolsos para confirmar as calorias do que vão meter na boca. São tudo elementos de projectos que já estão a ser desenvolvidos, embora alguns, como os sensores de calorias, não sejam consensuais.

Também se pode fazer uma visita virtual em 360º através do vaivém espacial Discovery, ler cartas digitalizadas de Albert Einstein, pesquisar um arquivo com 127 mil imagens da NASA (organizadas com a inteligência artificial do Google), ou descobrir as histórias por detrás de objectos do dia-a-dia (quem inventou a escova de dentes?). Além do CERN, o Google colaborou com muitas outras instituições, incluindo a NASA, nos EUA, e a Académie des Sciences, em Paris.

“A oferta é grande porque queremos motivar as pessoas a explorar as novidades sozinhas”, justifica a responsável pelo programa do Google, Liudmila Kobyakova. “Queremos inspirar jovens para uma carreira na ciência e na investigação.”

Em Janeiro, a aplicação de cultura do Google adicionou três mil obras do património cultural português (incluindo monumentos, obras de artes, e painéis de azulejos) à sua colecção.

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