A frase

“A seguir vou comprar a Coca-Cola para pôr-lhe cocaína outra vez.”

Elon Musk, líder da Tesla e da SpaceX

O contexto

Depois da sua proposta de compra da rede social Twitter ter sido aceite na segunda-feira, Elon Musk fez tweet em que referiu que, de seguida, ia comprar a Coca-Cola para voltar a adicionar-lhe cocaína. Mas, ao longo da sua história, a Coca-Cola teve mesmo cocaína? E, se sim, quando?

Os factos

A receita original e patenteada da Coca-Cola tinha, de facto, cocaína na sua composição, de acordo com o Instituto Nacional para o Abuso de Drogas dos EUA, tal como indica ao PÚBLICO Susana Soares, investigadora da Rede de Química e Tecnologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

“No entanto, estamos a falar da receita original, o que nos remete para o ano de 1885”, contextualiza a cientista que faz investigação sobre o sabor dos alimentos. “É importante salientar que esta receita original foi, inicialmente, comercializada com um intuito medicinal para aliviar as dores de cabeça, náuseas, entre outros problemas. Só mais tarde é que a Coca-Cola foi produzida como refrigerante.”

Quanto às quantidades de cocaína, Susana Soares refere que, pelo que conseguiu apurar, eram quantidades pequenas, na ordem dos miligramas. Além disso, a cientista realça que, naquela altura, a cocaína era legal e era um ingrediente comum em produtos com aplicação medicinal. “Entretanto, com a constatação dos efeitos aditivos, entre outros, da cocaína, houve uma grande pressão pública para a sua remoção na bebida.”

E quando deixou de ter cocaína? A investigadora diz que os factos apontam para que a redução de cocaína na bebida tenha ocorrido em 1903. Após essa data, a Coca-Cola teria só quantidades vestigiais. Apenas em 1929 é que se reporta a remoção total da cocaína.

Em resumo

Sim, a Coca-Cola já teve cocaína, como disse Elon Musk. Tudo aconteceu nos seus anos iniciais e ainda quando era comercializada com um intuito medicinal.