A dor, a perda e a ausência entram no restaurante

A encenadora que se estreou em Portugal com Saigão e que por estes dias leva Fraternité, Conte Fantastique ao São Luiz não esconde a característica política do seu trabalho, mas afasta-se liricamente do pós-colonialismo puro e duro.

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Saigão transcende a do teatro autobiográfico e do pós-colonial Jean-Louis Fernandez

Ao princípio há um restaurante chamado Saigão, em Saigão, em 1956. Também há um restaurante chamado Saigão, em Paris, que é, a bem dizer, o mesmo. Maria Antoinette, que continua a mandar na cozinha e a meter ordem na sala, foi quem se mudou – ou melhor, quem se exilou voluntariamente, como tantos outros vietnamitas após a derrota francesa na Indochina. Em 1996, quando os expatriados são autorizados a voltar ao seu país, o restaurante ainda lá está, na mesma rua parisiense. Continua a parecer mais ou menos o mesmo, mas já não é bem. Como muito diferente, e chocante aos olhos de um recém-regressado perdido numa cidade que mal reconhece, é o lugar onde estava o Saigão original, na rebaptizada cidade de Ho Chi Minh. Afinal, duas gerações nasceram entretanto e vivem em comum sem conhecerem por aí além a angústia umas das outras.

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