Moedas vai avançar com proposta para transportes gratuitos em Lisboa na próxima semana

É uma das principais medidas que o autarca tinha no seu programa eleitoral: tornar os transportes gratuitos para jovens e seniores residentes na capital. Mas há ainda várias questões por esclarecer.

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Proposta deverá ser discutida em reunião do executivo para a semana Diego Nery/Arquivo

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, diz estar pronto para apresentar ao restante executivo já na próxima semana uma proposta com uma das ideias-chave do programa eleitoral com que foi eleito: tornar o transporte público gratuito para residentes menores de 18 anos, estudantes até 23 anos e maiores de 65 anos residentes na cidade.

Há duas semanas, na cerimónia de lançamento da Carris Metropolitana, Carlos Moedas anunciara já ter concluído as negociações com a Área Metropolitana de Lisboa e com as empresas concessionárias para implementar, já em 2022, esta gratuitidade nos transportes públicos.

Na sessão da Assembleia Municipal de Lisboa desta terça-feira, em que apresentava o trabalho feito pelo município nos meses de Fevereiro e Março, comunicou o mesmo aos deputados municipais, considerando que esta medida deve ser “uma prioridade”, um passo essencial no caminho para a descarbonização e para o bolso das famílias.

Não foram ainda apresentados mais detalhes sobre a proposta, nomeadamente o total de pessoas que abrangerá ou que investimento será necessário para a concretizar. Foram pontos levantados por alguns deputados na sessão desta terça-feira, como a vereadora do Bloco de Esquerda, Isabel Pires, partido que tem tido um braço-de-ferro com Moedas nesta matéria.

Ainda em Dezembro passado, a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias apresentou, para agendamento em reunião de câmara, uma proposta que defende igualmente a gratuitidade dos transportes na capital, mas alargada a pessoas com deficiências de grau igual ou superior a 60%, além dos jovens e dos seniores residentes na cidade.

O assunto tem sido debatido quer na câmara, quer na AML, com a coligação PSD/CDS a acusar os bloquistas de “oportunismo” e de quererem “protagonismo político”, como ainda na semana passada proferiu o deputado social-democrata Luís Newton.

Isabel Pires quis voltar ao assunto, ao afirmar que “o BE não chegou agora a este debate” e que esta era também uma medida que constava no seu programa eleitoral autárquico.

Como resposta, Carlos Moedas repetiu a acusação de “oportunismo político” e de o partido da esquerda se considerar “moralmente superior aos outros”. E subiu de tom, como nunca antes o fizera naquela assembleia. “A senhora está-me sempre a atacar como se eu fosse um diabo. O BE fala sempre de mim sempre com um ódio visceral”, disse à bloquista. “Eu sei que há um jogo do BE em diabolizar determinados actores políticos, mas a mim não me vai diabolizar, sabe porquê? Porque eu estou com as pessoas na rua. As pessoas conhecem-me”, atirou o autarca.

Questionado sobre se esta gratuitidade não poderá pôr em causa o investimento no sistema de transportes e até pôr em causa a articulação com a área metropolitana, Moedas reiterou que esta foi uma medida trabalhada para que seja “tecnicamente viável, que fosse sustentável para que o sistema metropolitano nunca fosse afectado”.

Carlos Moedas disse ainda que esta foi uma proposta trabalhada com as outras forças políticas do executivo. No entanto, em comunicado, a vereadora independente Paula Marques notou nunca ter sido contactada sobre a proposta de transportes públicos gratuitos, ainda que concorde com a medida. “Pode parecer bem o actual presidente do executivo tentar mostrar que tem promovido consensos, mas convém ser rigoroso e não faltar à verdade”, criticou, considerando que esta “não pode pôr em causa o investimento no serviço de transportes ou no desenvolvimento da frota de veículos”.

Na sessão, o presidente da câmara apelou ainda a que haja convergência nesta matéria, uma vez que está é uma proposta “para as pessoas” e não dos “dos partidos”, esperando “o apoio de todos sem excepção”.

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