Um suplemento mineral pode ser uma solução para travar as consequências do fígado gordo

Uma em cada quatro pessoas sofre da doença do fígado gordo não-alcoólico. As consequências podem ser graves, desde cirrose a cancro – algo que uma equipa da Universidade de Michigan procura agora atenuar através de um suplemento mineral derivado de algas marinhas.

Foto
Ricardo Lopes

Pode um suplemento mineral ajudar a proteger-nos das consequências do fígado gordo? Uma equipa de investigação da Universidade do Michigan (EUA) e o Aquamin dizem-nos que sim. Este suplemento mineral – o Aquamin – tem um impacto significativo nos problemas geralmente associados ao fígado gordo não-alcoólico, como o cancro. Os resultados do estudo pré-clínico, apresentados este domingo na Sociedade Americana para a Investigação Patológica, indicam que este suplemento mineral se mostra eficaz na protecção contra o desenvolvimento de cancro do fígado, no seguimento da doença do fígado gordo.

A investigação científica nesta área tem trazido desenvolvimentos importantes na prevenção do fígado gordo, caracterizado pela acumulação de gordura em torno deste órgão, mas este trabalho dá-nos uma nova perspectiva sobre como poderemos, já tendo a doença, minimizar o risco de desenvolver problemas comummente associados – tais como cirrose ou cancro.

E podemos voltar ao suplemento mineral – afinal, o que é o Aquamin? Não é uma novidade. Este suplemento já tem sido utilizado noutros estudos científicos como contraponto à inflamação excessiva nos casos de cancro colorrectal ou mesmo em casos de inflamação no cérebro. O Aquamin é um suplemento que deriva de algas marinhas, sendo muito rico em cálcio, magnésio e outras dezenas de minerais, que complementam esta ‘fórmula’ que tem suscitado interesse académico.

Um crescente desafio de saúde pública

Regressando a este estudo em particular, o líder da equipa de investigação, Muhammad Nadeem Aslam, realça, em comunicado, a importância destes avanços numa doença silenciosa e que afecta uma em cada quatro pessoas, em todo o mundo. “A doença do fígado gordo não-alcoólico é um crescente desafio de saúde pública cuja resposta se foca nas mudanças de estilo de vida, especialmente na alimentação, de forma a prevenir a acumulação de gordura no fígado”, explica, antes de acrescentar: “são necessárias novas abordagens, porque esta resposta não funciona para todos”.

Assim, na tentativa de encontrar mais e melhores respostas para estes doentes, o trabalho agora desenvolvido permite procurar, através deste suplemento mineral, uma solução de baixo custo e baixa (ou nenhuma) toxicidade capaz de atenuar as consequências da doença do fígado gordo não-alcoólico.

A nova abordagem, agora testada em ratinhos, mostrou uma diferença particularmente significativa entre o grupo que recebia, na sua dieta alimentar, o suplemento mineral e o que grupo que não recebia – principalmente nos estudos de longa duração. Nos estudos de curta duração (24 semanas), a equipa de investigação notou alterações nas proteínas associadas ao fígado, um indicador positivo para a eficácia do suplemento mineral. Mas foi nos estudos de longo prazo (15 a 18 meses) que surgiu a melhor notícia: o grupo de ratinhos que recebia o suplemento mineral não desenvolvia tumores.

“Estes resultados confirmam as nossas descobertas anteriores de que os minerais podem ter o potencial de reduzir as consequências da doença do fígado gordo”, concretiza Aslam.

O próximo passo será refinar o estudo de forma a identificar alterações em proteínas que possam predizer o desenvolvimento de consequências mais graves da doença do fígado gordo, bem como realizar novamente os estudos de curta e longa duração com o mesmo grupo de animais (algo que não aconteceu neste caso).

A equipa liderada por Aslam irá também começar estudos clínicos piloto para avaliar a segurança e tolerância do suplemento mineral Aquamin ao longo de 180 dias.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários