EDP, Voltalia, Endesa e Finerge vencem leilão solar flutuante

São cerca de 130 milhões de euros de compensações fixas ao sistema eléctrico em 15 anos. EDP conseguiu o maior projecto, no Alqueva, mas a Finerge venceu três lotes: Paradela, Vilar-Tabuaço e Salamonde.

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Alqueva vai ter o maior projecto de solar flutuante do país FRANCISCO ROMAO PEREIRA

A EDP conseguiu vencer o maior lote do leilão de solar que terminou às 00h08 horas desta terça-feira, mas a Finerge arrecadou três lotes num procedimento em que venceram também a Voltalia e a Endesa, de acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO.

A EDP confirmou esta manhã que conseguiu “o direito de ligação à rede de electricidade para uma capacidade de 70 MVAs no Alqueva, no leilão de solar flutuante em Portugal”, anunciou a empresa, em comunicado. O novo parque deverá entrar em exploração em 2025.

O lote dois (Castelo de Bode) não foi a leilão, mas o lote três (Cabril) foi ganho pela Voltalia, o lote quatro (Alto Rabagão) pela Endesa e os lotes cinco (Paradela), seis (Salamonde) e sete (Vilar-Tabuaço) couberam à Finerge.

O lote sete foi mesmo aquele que fez arrastar o leilão até depois da meia-noite, chegando às 24 rondas.

A EDP explica no comunicado divulgado esta manhã à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que o projecto foi ganho com uma tarifa negativa de quatro euros por MWh (e com o compromisso de pagamento de uma compensação fixa ao sistema de 72 mil euros por cada megawatt (MW) nos 15 anos de contrato, segundo dados recolhidos pelo PÚBLICO), mas que mesmo assim será rentável, graças à possibilidade de instalar geração eólica.

“A EDP espera que a capacidade de ligação à rede atribuída neste processo, permita instalar até 154 MW de energias renováveis”, dos quais os 70 MW incluídos no contrato do leilão, outros 14 MW de sobreequipamento solar e, sobretudo, mais 70 MW de capacidade eólica, a chamada “hibridização”.

No leilão, a possibilidade de combinar tecnologias (aproveitando a mesma infra-estrutura de rede) só estava vedada nos lotes dois e três.

Terá sido esta a lógica que presidiu à maior parte das ofertas. A Endesa comprometeu-se com uma comparticipação fixa ao sistema de 46 mil euros por MW em Alto Rabagão e a Finerge acertou compensações de 3934 euros e 7779 euros por MW para os lotes cinco e seis. Fixou ainda uma compensação de 103.302 euros por cada um dos 17 MW de Vilar-Tabuaço.

O lote três (Voltalia) fechou com um desconto de 1,01% face ao preço de referência acima de 41 euros por megawatt hora (resultante numa tarifa de venda de 41,03 euros MWh, mais próxima daquilo que têm sido os valores históricos do mercado grossista).

Em comunicado, a Endesa veio entretanto adiantar que a adjudicação “envolverá um investimento de 115 milhões de euros” com que a empresa irá “desenvolver o seu primeiro projecto com estas características”.

Já a Finerge veio depois destacar em comunicado, durante a tarde, o facto de esta ser “a primeira vez” que conseguiu garantir “algum lote num leilão de solar, na terceira participação que faz” (houve dois leilões de solar convencional em 2019 e 2020).

Contrato de 30 anos com a APA

A EDP já tem em curso a instalação de um projecto menor de solar flutuante no Alqueva (onde também explora a central hídrica) e foi a primeira a avançar com um piloto desta tecnologia na albufeira de Alto Rabagão, onde a Endesa vai agora desenvolver o seu parque.

A empresa espanhola venceu recentemente o concurso para instalar nova geração renovável (eólica e solar, incluindo produção de hidrogénio verde) no local onde funcionou a central a carvão do Pego.

Em Novembro, quando o leilão foi anunciado, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tinha identificado outros 700 hectares em planos de água que poderiam vir a ser aproveitados para mais projectos desta natureza.

No procedimento os concorrentes asseguraram os títulos de reserva de capacidade de injecção na rede eléctrica e os de utilização do domínio público hídrico.

Isto porque para poderem utilizar os recursos hídricos, os concorrentes terão também de assinar um contrato de concessão com a APA, mas este com a duração de 30 anos, ou seja, mais 15 do que o compromisso estabelecido com o Estado (sistema eléctrico nacional), pelo que depois poderão vender a energia produzida nas condições que entenderem.

Contando com Castelo de Bode, que acabou por ficar fora do procedimento, estavam para ser leiloados direitos de utilização de um máximo de 445 hectares dos sete planos de água (dos quais 250 hectares no Alqueva), que, no conjunto, representavam apenas 18% das superfícies deste conjunto de albufeiras.

Nas contas do Ministério do Ambiente, a ocupação deste espaço com painéis fotovoltaicos, equivaleria ao pagamento de uma taxa de recursos hídricos na ordem dos 300 mil euros, ano, durante a concessão.

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