Um crowdfunding para comprar um hectare na serra da Freita — e reflorestá-lo

A associação Movimento Gaio vai lançar uma campanha que pretende angariar quatro mil euros. A ideia é comprar um terreno em Arouca e reflorestá-lo com espécies autóctones.

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Rui Gaudencio

A associação ambientalista Movimento Gaio lança este sábado uma campanha de crowdfunding destinada a reunir donativos que permitam comprar um hectare de matos na Serra da Freita, concelho de Arouca, e reflorestá-lo com espécies autóctones para evitar incêndios.

O terreno em causa está localizado na aldeia da Ameixieira e é propriedade de um privado que aceita vendê-lo ao preço de 20 cêntimos por metro quadrado, pelo que, considerando o custo da terra e os trabalhos de adaptação a executar no local, a recolha de fundos tem como objectivo angariar 4.000 euros.

“Como confronta, a poucos metros, com o baldio onde já temos 25 hectares de área reflorestada, este terreno pode ser um verdadeiro rastilho em situação de incêndio, tal é a carga de mato e eucaliptos que possui”, revela à Lusa a co-fundadora do Movimento Gaio, Teresa Markowsky.

Se conseguir adquirir a propriedade, a associação passa a ter direito “a participar na tomada de decisões da Associação de Compartes do Baldio da Ameixieira e a poder informar devidamente os aldeões sobre o seu trabalho e os seus objectivos”.

Actualmente constituído por mato — algumas árvores nativas e eucaliptos que serão “para erradicar” — o terreno escolhido confina com uma estrada municipal, apresenta um grande declive e é “de extrema importância pela sua capacidade de ser convertido em área de pastoreio, com árvores autóctones protegidas”.

Por ser atravessado por um leito de água, também se revela particularmente útil para proteger as áreas reflorestadas contíguas.

Desde 2015, o Movimento Gaio já reflorestou 29 hectares de terrenos na Serra da Freita, que está classificada como área protegida no âmbito da Rede Natura 2000. Desde 2019, face à seca crescente, os trabalhos da associação incluem também a construção de reservatórios de água, com sistemas de rega gota a gota.

“O nosso objectivo emergente é reconstruir povoamentos florestais resilientes, que resistam aos incêndios florestais e à seca estival em curso. Por conseguinte, plantamos principalmente árvores decíduas porque, nos flancos a Norte da serra, absorvem a humidade do ar atlântico e canalizam-na para o solo. As suas folhas caducas formam húmus, as suas sementes alimentam animais nativos e, com o tempo, formam novos povoamentos de árvores, trazendo a chuva”, explica Teresa Markowsky.

A médio e longo prazo, o Movimento Gaio pretende adquirir na Ameixieira outros terrenos confinantes com aqueles onde já teve intervenção, “no sentido de proteger toda aquela zona de risco de incêndio e aniquilar o eucalipto”.

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