Lucro da REN cai 11% e empresa queixa-se dos impostos

A taxa efectiva de imposto da REN subiu para 44,9%, com um aumento de 6,2 milhões de euros. A CESE custou 27 milhões e “continua a ser uma grande dificuldade”.

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Fusão do Ambiente e da Energia na mesma secretaria de Estado pode facilitar a comunicação entre entidades, nota o presidente da REN, Rodrigo Costa Miguel Manso

A REN registou resultados líquidos de 97,2 milhões de euros em 2021, menos 11,1% face a 2020, devido ao aumento da carga fiscal e à diminuição dos resultados operacionais, explicou esta quinta-feira a empresa.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 2% para 460,8 milhões de euros, o que a empresa justifica essencialmente com a diminuição da taxa de remuneração dos activos regulados e com a própria base de activos regulados.

Porém, o ano de 2021 foi também “um ano particularmente forte” em termos de investimento, com o Capex a subir 76,7 milhões de euros, para 237,9 milhões de euros, dos quais 126,8 milhões na rede de transporte eléctrico.

O ano saldou-se assim com um “recorde em activos que entraram em exploração”. As transferências para a base regulada de activos (em função das quais a REN é remunerada, a uma taxa de 4,4%) cresceram 288,5%, para 309,1 milhões de euros.

No final deste ano, isso irá traduzir-se em “impactos positivos nos resultados”, reconheceu o administrador financeiro da REN.

Relativamente à actividade internacional (Chile), registou-se uma “melhoria no contributo da Transemel para o EBITDA, compensando uma ligeira queda da Electrogas”. No total, atingiu os 14 milhões de euros.

Ao nível dos custos, a REN também não conseguiu escapar ao aumento dos preços da electricidade – a despesa do terminal de gás de Sines subiu em cinco milhões de euros no ano passado, em que os preços começaram a entrar em níveis recorde a partir do Verão.

Outros encargos que cresceram foram os prémios dos seguros com que a REN tenta cobrir encargos como intempéries e ciberataques, que custaram mais 1,8 milhões de euros. Em conferência de imprensa, o administrador financeiro da REN, Gonçalo Morais Soares, comentou que a subida já vinha de trás e que não está particularmente relacionada com a guerra na Ucrânia, embora admita que isso possa pressionar os preços no futuro.

Já Rodrigo Costa destacou que o risco de cibersegurança tem subido e “já está assim há muitos meses”. A REN “tem atenção redobrada” aos riscos, que “mudam todos os dias”, mas admite que “não há segurança a 100% para ninguém”.

O presidente da REN manifestou-se mais uma vez contra o pagamento da Contribuição Extraordinária sobre o sector Energético (CESE) dizendo aguardar para ver o que fará o novo Governo de António Costa a respeito desta taxa “que de extraordinário não tem nada” e que continua a ser “uma grande dificuldade”. Em 2021 custou 27 milhões.

Segundo a REN (que vai propor a distribuição de um dividendo de 15,4 cêntimos por acção), em 2021 a sua taxa efectiva de imposto subiu para os 44,9% (incluindo a CESE), traduzindo-se num aumento de 6,2 milhões face a 2020. O imposto sobre o rendimento aumentou 7,2 milhões de euros, para 52,1 milhões.

Rodrigo Costa admitiu ver com optimismo a junção do Ambiente e da Energia na mesma secretaria de Estado (de acordo com a orgânica do futuro Governo) por poder facilitar o diálogo entre as entidades envolvidas na tomada de decisão e licenciamento dos projectos necessários para a transição energética.

Lembrando que em 2021 houve um maior aumento de penetração de renováveis (de 59%) e que o consumo eléctrico voltou a aproximar-se dos valores de 2019 (subiu 1,4%), o administrador responsável pelas operações, João Conceição, destacou que os níveis de qualidade de serviço se mantiveram altos, com o tempo de interrupção médio na electricidade a ficar nos 0,05 minutos.

João Conceição disse ainda, a propósito dos projectos de produção fotovoltaica com acordo entre os promotores e os operadores de rede para fazerem os investimentos de ligação, que há projectos de 3 Gigawatts (GW) já em fase de projecto de engenharia para criar as condições de ligação.

Há um segundo grupo de projectos – de 3 GW para ligação à rede de transporte e 0,5 GW para ligação à rede de distribuição – em fase de estudo.

Mas ainda tardará a que estes projectos entrem em produção. Estamos a falar em “horizontes de 4 a 5 anos, com tudo a correr bem”, afirmou.

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