Funeral e velório de Gastão Cruz realiza-se na sexta-feira em Lisboa

Poeta, ensaísta, tradutor e encenador morreu este domingo, aos 80 anos.

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Gastão Cruz (1941-2022) Pedro Cunha/Arquivo

O funeral do poeta Gastão Cruz, que morreu no domingo, aos 80 anos, realiza-se na sexta-feira, no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, disse à Lusa o filho, João Nuno Cruz.

O corpo do poeta, que foi também ensaísta, tradutor e encenador, estará em câmara ardente na Igreja de São Francisco de Assis, também em Lisboa, entre as 10h e as 15h30, hora a que sairá o cortejo fúnebre para o cemitério.

Durante o velório, haverá uma sessão de leitura, “por amigos chegados” de Gastão Cruz, em sua homenagem, “enquanto poeta e incansável divulgador de poesia”. Na sessão, serão lidos poemas do escritor agora desaparecido, mas também de outros autores, nomeadamente textos que constam da antologia Quinze Poetas Portugueses do Século XX, editada em 2004 e organizada pelo próprio Gastão Cruz.

O poeta morreu no domingo no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, onde estava internado.

Gastão Cruz, que nasceu em Faro em 1941, era licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e autor premiado por vários títulos de poesia e ensaio. Foi nos tempos de estudante universitário que começou a publicar em jornais e revistas poemas e artigos sobre poesia. Na mesma altura, participou activamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da Antologia de Poesia Universitária (1964).

O seu primeiro livro, A Morte Percutiva, data de 1961. Depois publicou, entre outros, Campânula (1978), Órgão de Luzes (1990), Transe - Antologia 1960-1990 (1992) e As Pedras Negras (1995). Os seus ensaios sobre poesia, A Poesia Portuguesa Hoje, foram editados pela primeira vez em 1973. A Vida da Poesia - Textos críticos reunidos (2008) foi a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.

Em 2009, Gastão Cruz reuniu a sua poesia no volume Os Poemas, tendo posteriormente publicado Escarpas (2010), Observação do Verão (2011), Fogo (2013), Óxido (2015) e Existência (2017).

Em 1975, Gastão Cruz foi um dos fundadores do grupo Teatro Hoje, posteriormente fixado no Teatro da Graça, que dirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira.

Entre 1980 e 1986, foi leitor de português no King's College, na Universidade de Londres. Em 2018, foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Governo português, “em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à poesia”. Na altura, o Ministério da Cultura justificou a distinção com a dedicação de Gastão Cruz “à produção literária e à escrita, difundindo amplamente a Língua e a Cultura portuguesas, ao longo de mais de 50 anos”.

Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.

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