Na Rússia, um cartaz em branco pode significar 15 anos de prisão

Os manifestantes russos continuam a ser detidos, diariamente, por desrespeitarem a lei. Por vezes, o silêncio ou um cartaz em branco são suficientes para dizer “fim à guerra”, mas podem levar a 15 anos de prisão.

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Guarda Nacional Russa detém mulher que protesta segurando um cartaz branco, em Nizhny Novgorod

Desde o início da guerra, milhares de pessoas foram detidas na Rússia por protestarem contra a invasão da Ucrânia, principalmente em Moscovo. Algumas continuam presas.

Não é uma detenção ilegal, está na lei: a 4 de Março, o Governo russo aprovou a criminalização da partilha de informação independente sobre o que se passa na Ucrânia, assim como os protestos contra a guerra, com penas até 15 anos de prisão.

Por vezes, basta nada dizer ou segurar um cartaz em branco para protestar. Kevin Rothrock, editor do Meduza, um site de notícias independente na Rússia, partilhou, no Twitter, vários casos de civis detidos por segurarem folhas brancas. Outros por levantarem cartazes com palavras ilegíveis, em código.

De acordo com a AFP, uma rapariga foi levada por dois polícias por gritar “paz no mundo”. Em declarações à agência de notícias francesa, uma jovem de 20 anos vestida de amarelo e azul, “como expressão de protesto”, diz ter medo de estar na rua.

Num caso semelhante, uma mulher segurava uma folha onde se liam, literalmente, “duas palavras” (como quem diz, “no war", em português, fim à guerra). No vídeo abaixo, pergunta: “Se disser ‘duas palavras’, quanto tempo achas que demora até ser detida?” Nem dois segundos.

A rapariga ruiva que segura um cartaz em branco, acima, terá estado presa durante oito dias por desobediência civil.

A organização não governamental openDemocracy divulga, também, relatos de civis sobre violência policial após serem detidos. Denunciam humilhações, ameaças, agressões e gritos, entre outros atropelos aos direitos humanos. A AFP confirma o clima de violência, com manifestantes arrastados pelo chão e jornalistas detidos pela polícia.

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