FC Porto não teve mão para neutralizar estratégia de Peter Bosz

Um golo de Lucas Paquetá, no minuto 59, dá vantagem ao Lyon após a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa.

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LUSA/JOSÉ COELHO

Os pontos fracos do adversário estavam identificados por Sérgio Conceição, mas, mais uma vez, Peter Bosz mostrou ter um antídoto para neutralizar os “dragões”. Após derrotar por duas vezes o FC Porto nos 16 avos-de-final da Liga Europa 2019-20, o treinador neerlandês voltou a estar frente a frente com Conceição na competição e, mais uma vez, levou a melhor (0-1). Na primeira mão dos “oitavos” da prova, os franceses foram superiores até o brasileiro Lucas Paquetá colocar o Lyon em vantagem, num jogo em que os portistas se queixaram de uma grande penalidade não assinalada logo após o golo decisivo.

Com um calendário que não ofereceu aos portistas no último mês margem para respirar — oito jogos entre 6 de Fevereiro e 6 de Março —, Sérgio Conceição tinha admitido, na véspera da 14.ª partida do FC Porto neste ano, que “quando se fazem três jogos por semana, ao fim de algum tempo torna-se desgastante”. O desabafo do técnico fazia antever que, tal como tinha acontecido contra a Lazio, haveria uma gestão minuciosa do esforço de alguns jogadores do seu plantel — Vitinha, Taremi e Evanilson foram suplentes contra os italianos no Estádio do Dragão

Porém, a surpresa no “onze” do FC Porto contra o Lyon foi a ausência de surpresas. Após um jogo tranquilo em Paços de Ferreira, no domingo, Conceição fez apenas uma mudança em relação ao encontro com os pacenses no campeonato, mas a alteração até terá sido recebida com alívio pela maioria dos adeptos portistas: Wendell, que tem sido quase sempre o elo mais fraco da equipa, ficou de fora por castigo — entrou Zaidu. Com Fábio Vieira de novo no banco, o FC Porto apresentava-se com o desenho táctico mais vezes escolhido por Conceição: 4x4x2.

No entanto, com um relvado algo pesado, pela muita chuva que tinha caído durante a tarde no Porto, e um Lyon fiel às ideias do seu treinador — jogo ofensivo, baseado na posse de bola e num pressing agressivo —, no Dragão os franceses fizeram, durante uma hora, o que só o Liverpool tinha conseguido nesta época: tirar o domínio territorial ao FC Porto e colocar a equipa de Conceição sob pressão.

Após um choque violento entre Pepe e Paquetá aos 30 segundos, que provocou uma interrupção de quase quatro minutos — o central brasileiro acabou por sair ao intervalo —, o Lyon pegou no jogo e, aos 10’, Diogo Costa já tinha sido forçado a fazer duas defesas difíceis.

A resposta do FC Porto surgiu aos 11’, mas o remate de Vitinha foi uma excepção e não se tornou regra. Sem deixarem que os portistas colocassem à prova a sua (débil) defesa, os franceses conseguiam ser mais ofensivos e Toko-Ekambi, aos 38’, teve a melhor oportunidade da primeira parte.

Com Rúben Semedo no lugar de Pepe após o intervalo, o FC Porto deu sinais de querer assumir o jogo nos minutos iniciais da segunda parte e, aos 47’, Taremi esteve perto do golo. O Lyon, no entanto, não se intimidou e, após um par de ameaças, conseguiu mesmo marcar: Dembélé deu de calcanhar para Paquetá e o brasileiro, sem marcação, rematou sem hipóteses para Diogo Costa — o lance começou por ser anulado, mas não havia posição irregular.

Em desvantagem, os jogadores portistas aumentaram os índices de agressividade, conseguindo ganhar mais duelos no centro do terreno, e quase de imediato, após Paquetá tocar a bola com o braço na área, o árbitro assinalou penálti. No entanto, após indicação do VAR, o espanhol Sánchez Martínez foi rever a jogada e reverteu a decisão, perante os protestos portugueses.

Com Fábio Vieira, Toni Martínez e Galeno em campo, nos últimos minutos o FC Porto atacou com vontade e pouco discernimento, mas no minuto 94 ainda se festejou o golo do empate, apenas até o VAR confirmar que Mbemba estava fora-de-jogo.

Ao fim de 18 jogos, o FC Porto voltou a ser derrotado e, dentro de uma semana, terá de ganhar em Lyon para se apurar para os “quartos” da Liga Europa.

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