Celeste Amaro afastada da direcção do Convento São Francisco seis dias após assumir o cargo

O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, que prometera dotar aquele espaço de um novo modelo de gestão, fora muito criticado pela nomeação da ex-directora regional de Cultura do Centro, que agora decidiu afastar.

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A antiga directora regional de Cultura do Centro Celeste Amaro foi afastada da programação do Convento São Francisco, em Coimbra, menos de uma semana após ter assumido funções, confirmou à Lusa fonte da autarquia.

Segundo o jornal Notícias de Coimbra, Celeste Amaro, cuja nomeação, anunciada há pouco menos de um mês, fora criticada pelo PCP e pelo PS, e também pelo movimento Cidadãos por Coimbra, viu-se agora afastada da assessoria artística e cultural do Convento São Francisco, que assumira na passada terça-feira, substituindo no cargo a arquitecta Isabel Worm.

A Câmara Municipal de Coimbra confirmou a informação à Lusa, precisando que a antiga directora regional de Cultura, e ex-deputada do PSD, não se demitira, resultando a sua saída de uma decisão do presidente do município, José Manuel Silva.

O autarca, que fora acusado de estar a pagar favores ao PSD, partido que apoiou a coligação pela qual foi eleito, Juntos Somos Coimbra, tinha justificado a escolha com a circunstância de Celeste Amaro ser funcionária da autarquia e estar sem funções alocadas, argumentando que a sua nomeação permitiria à Câmara de Coimbra poupar a avença que pagava à anterior programadora.

José Manuel Silva pedira ainda à oposição para julgar o trabalho de Celeste Amaro “pela qualidade e eclectismo da sua futura programação cultural e não por enviesadas e míopes considerações de simpatias políticas”.

O autarca fora ainda criticado por deixar cair a promessa eleitoral de que dotaria o Convento São Francisco de um novo modelo de gestão. E logo após o anúncio da nomeação de Celeste Amaro, o município assumira, de facto, que esse objectivo não iria, por enquanto, ser concretizado, ao mesmo tempo que, em resposta a uma pergunta da Lusa, adiantava então que o mandato da ex-directora regional como programadora daquele espaço não tinha um “limite temporal pré-definido”.

Na sequência das críticas da oposição e do movimento Cidadãos por Coimbra, a autarquia viera já garantir que o novo modelo de gestão para o Convento São Francisco seria apresentado ao executivo municipal ainda durante este ano. E agora, por razões que até ao momento não foram esclarecidas – fonte da Câmara adiantou apenas à Lusa que será dada uma nota pública “quando for encontrada uma alternativa” –, o próprio presidente terá decidido não dar afinal a Celeste Amaro a oportunidade de mostrar “a qualidade e eclectismo” que antecipava para a programação que esta viria a conceber para aquele espaço.

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Celeste Amaro foi a responsável da Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC) entre 2011 e 2018, num percurso que não esteve isento de polémicas. A antiga directora integrou na DRCC o ex-director do Museu da Presidência, Diogo Gaspar, que está em julgamento a responder por 42 crimes na Operação Cavaleiro.

E em Março de 2018, no seu último mandato à frente da DRCC, durante uma visita a Leiria, Celeste Amaro explicara que se tinha deslocado àquela cidade porque ali os agentes culturais não lhe pediam dinheiro. Declarações que motivaram uma petição pública pedindo a sua demissão, assinada por realizadores, encenadores, actores, dramaturgos e produtores culturais.

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