A antiga directora regional de Cultura do Centro e ex-deputada do PSD, Celeste Amaro, vai assumir a assessoria artística e cultural do Convento São Francisco, em Coimbra, substituindo a arquitecta Isabel Worm, foi anunciado esta terça-feira.

A actual funcionária dos quadros da Câmara de Coimbra vai assumir o cargo a partir do dia 1 de Março, data em que termina o contrato de aquisição de serviços com Isabel Worm, que estava naquelas funções desde Dezembro de 2017, informa um comunicado de imprensa da Câmara de Coimbra, liderada por José Manuel Silva (eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, da qual faz parte o PSD).

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Celeste Amaro foi a responsável da Direcção Regional de Cultura do Centro (DRCC) entre 2011 e 2018, num percurso que não esteve isento de polémicas.

A antiga directora integrou na DRCC o ex-director do Museu da Presidência, Diogo Gaspar, que está em julgamento a responder por 42 crimes na Operação Cavaleiro, e no seu último ano de mandato à frente da DRCC fez declarações que levaram vários agentes culturais a pedir a sua demissão.

Em Março de 2018, numa visita a Leiria, Celeste Amaro disse que se tinha deslocado àquela cidade porque ali os agentes culturais não lhe pediam dinheiro. Estas declarações motivaram uma petição pública, exigindo a sua demissão, que foi assinada por mais de mil pessoas, incluindo realizadores, encenadores, atores, dramaturgos e produtores culturais.

No mesmo mês, o PÚBLICO ouviu várias estruturas culturais da região Centro, que salientavam o desinteresse da então directora regional em relação ao trabalho dos agentes culturais do Centro. O Teatro Viriato, a Escola da Noite e o Teatro de Montemuro, algumas das entidades mais apoiadas na região, asseguravam não ter memória da presença de Celeste Amaro em qualquer evento ou espectáculo que tivessem organizado.

Já a Câmara de Coimbra, na nota de imprensa, salienta o “notável currículo” de Celeste Amaro na área da Cultura, destacando não só a sua passagem pela DRCC, mas também a gestão financeira do projecto Coimbra Capital Nacional da Cultura. Recorde-se que o responsável por esse projecto, Abílio Hernández, foi um dos subscritores da petição a exigir a sua demissão da DRCC.

De acordo com o município, “o modelo de gestão, bem como a restante estrutura municipal do equipamento cultural municipal mantém-se, com Filipe Carvalho a continuar a assumir a chefia da Divisão de Gestão e Programação do Convento São Francisco”.