O maestro ditador de Fellini agora no palco

A 4 e 5 de Março, no CCB, Tónan Quito e Filipe Melo apresentam com músicos do Hot Clube a sua versão para Ensaio de Orquestra, o derradeiro filme de Fellini com Nino Rota. Um espectáculo que é um combate entre egos e fantasmas políticos.

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Não será estranha a ninguém a correspondência mitificada entre o autoritarismo e a genialidade. A ideia de que a um génio é autorizado o exercício desbragado de quaisquer excentricidades e abusos porque a sua condição excepcional o coloca num patamar quem tudo é admissível, e cujo ego pode alimentar-se, sem freios, de quaisquer peões que surjam no seu caminho. De onde a humilhação daqueles que o rodeiam se transforma numa consequência inevitável e tolerável. Ora no universo da música clássica não faltam histórias sobre maestros a quem este perfil assenta que nem uma luva. E foi neste meio que Federico Fellini encontrou, em 1978 — na sua derradeira colaboração com o compositor Nino Rota — o ambiente para esboçar uma sátira, desenhada enquanto falso documentário, que retrata tanto as relações conflituosas entre os vários músicos, em busca de protagonismo individual, quanto um maestro de recorte ditatorial, que começará por falar em italiano e terminará a resvalar para o alemão, aludindo a um óbvio fantasma nazi.

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